Tensão na Ucrânia: das tropas na Bielorrússia à oferta turca e à guerra de informação
Aos cerca de cem mil soldados que a Rússia já teria junto à fronteira da Ucrânia, juntaram-se nos últimos dias mais cerca de 30 mil que Moscovo enviou para a Bielorrússia para participar em exercícios conjuntos de 10 a 20 de fevereiro. É o maior destacamento militar dos últimos anos, disse preocupado o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, que na véspera tinha visto com bons olhos a decisão norte-americana de reforçar com três mil homens o seu contingente na Europa de Leste. Também o Canadá está a equacionar enviar mais tropas para a zona, com a ministra da Defesa, Anita Anand, a dizer numa visita à Letónia que os canadianos estão "muito preocupados com as ameaças russas"
No meio da tensão na região, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan visitou Kiev e ofereceu-se para acolher uma cimeira entre a Ucrânia e a Rússia. Erdogan quer aproveitar a sua relação estreita com o presidente russo, Vladimir Putin, e boas relações com o ucraniano, Volodymyr Zelensky, para servir de mediador, mas a Turquia, que é membro da NATO, não tem estado nas boas graças do Kremlin, especialmente depois de ter vendido drones de combate a Kiev - e ontem assinaram um novo acordo para expandir a produção.
Também os europeus têm intensificado os contactos para tentar fazer diminuir a tensão na região. O chanceler alemão, Olaf Scholz, debaixo de críticas por andar desaparecido, anunciou que irá "brevemente" a Moscovo encontrar-se com Putin. Isto no meio de uma guerra de informação: os russos anunciaram ontem que vão fechar os escritórios da emissora alemã Deutsche Welle na sua capital e retirar as acreditações aos seus jornalistas, depois de o regulador alemão ter proibido o canal estatal Russia Today (RT) de transmitir em alemão por alegada falta de licença.
Noutro capítulo da guerra de informação, o Pentágono disse ontem ter provas de um plano de Moscovo de filmar um falso ataque de ucranianos a russos para justificar uma invasão. "Temos informações que os russos provavelmente vão querer fabricar um pretexto para uma invasão", disse o porta-voz do Pentágono, John Kirby. "Acreditamos que a Rússia produziria um vídeo de propaganda muito gráfico, que incluiria corpos e atores que fariam o papel de pessoas enlutadas e imagens de locais destruídos", acrescentou.