TAP quer aeroporto no Montijo em 2018
O acionista da TAP David Neeleman defendeu hoje que a base aérea do Montijo comece a ser usada como espaço temporário, nomeadamente para estacionar aeronaves, e a necessidade de que funcione como aeroporto no verão de 2018.
David Neeleman, que voltou a reclamar da necessidade de se avançar com um aeroporto no Montijo para que aTAP possa crescer, disse, em Ponta Delgada, nos Açores, que tem feito "muita pressão" para que "a Força Aérea, o Governo e a ANA [Aeroportos de Portugal] se sentem à mesa e resolvam tudo isso [constrangimentos ao crescimento da TAP pela falta de espaço em Lisboa]".
"Tem que se montar alguma coisa temporária lá para que possamos abrir - não este verão - no verão que vem [2018]" já o aeroporto do Montijo, afirmou no 28.º Congresso da AHP, que começou na quarta-feira em Ponta Delgada.
"Temos muitas aeronaves estacionadas em Lisboa que podem ser mudadas para lá. Tem espaço. Não é somente usar a pista", disse aos jornalistas, à margem do congresso.
No entanto, quando questionado se a TAP pretendia usar o Montijo para estacionar aviões, o responsável afirmou: "Estou a falar da Eurotlantic. Tem muitas aeronaves lá estacionadas. Se quer estacionar mais do que um dia tem que talvez mudar para o Montijo. Não se pode usar espaço [para estacionar] que está sendo usado pelas empresas que estão a trazer pessoas [turistas] para Portugal. Ninguém quer isso. Devem-se mudar as aeronaves que não estão a ser usadas e deixar-se o aeroporto para quem o está a usar para trazer pessoas".
Depois, perante uma plateia repleta de hoteleiros, David Neeleman voltou a lembrar que 80% dos turistas que chegam a Portugal vêm por meio aéreo e não se pode estar a abrir hotéis - como previsto já - e ter "um aeroporto fechado". O setor aplaudiu.
Já sobre a possibilidade de as companhias 'low-cost' (de baixo custo) virem a recusar mudar-se para o Montijo, nomeadamente em rotas que concorrem com a TAP, se a sua companhia não for também, o responsável ressalvou que quem "quer crescer vai ter que ir para lá".
"Pode-se dizer que não se quer ir para lá, mas para crescer só assim. Penso que a Ryanair não tem problemas com um aeroporto secundário. Não sei da easyJet, mas a Ryanair vai. O Montijo é um local bom, é perto de Lisboa", afirmou.
Já em 10 de novembro, por ocasião do Web Summit, em Lisboa, o acionista da TAP tinha reclamado da falta de espaço no aeroporto de Lisboa, condicionando o crescimento da transportadora, e apelou ao Governo para resolver rapidamente o problema, sugerindo transferir as 'low cost' para o Montijo.
"Temos de fortalecer o nosso 'hub' [base de operações] de Lisboa. Estou um pouco frustrado com o aeroporto que não está a abrir mais espaço. Nós estamos a crescer mais rápido do que o aeroporto e isso é muito importante para o país", disse o empresário aos jornalistas, após uma intervenção na Web Summit, nessa altura.
David Neeleman sublinhou que quer abrir mais rotas, "voltar para Toronto e para Montreal (Canadá)", chegar a mais cidades secundárias nos Estados Unidos, no nordeste do Brasil e em África, mas o aeroporto tem de crescer também.
"Não podemos crescer se nos dizem que está limitado, temos de abrir outro aeroporto. O Montijo está lá, não podemos esperar três anos para que isso aconteça, as 'low cost' [companhias aéreas de baixo custo] podem ir para lá e nós ficamos aqui [no aeroporto Humberto Delgado], mas tem de acontecer mais rápido do que está a ser feito", afirmou, salientando que, atualmente, a maior preocupação da TAP é que o aeroporto não cresça ao mesmo ritmo que a companhia aérea.
Lembrou ainda que "o país precisa de desenvolvimento económico através do turismo, que representa 10 a 15% do PIB [Produto Interno Bruto]", salientando que há muito mais americanos a vir para Portugal agora.