Uma das tatuagens que Shemar Moore tem no corpo é inspirada no seu papel como Daniel "Hondo" Harrelson, o líder de uma unidade tática em Los Angeles, na série S.W.A.T. - Força de Intervenção. É uma evidência da importância fundamental desta personagem, que marca o salto do ator conhecido como Derek Morgan em Mentes Criminosas para um papel principal. Agora na segunda temporada, S.W.A.T. projetou Shemar Moore para a liderança de uma série em horário nobre, na nova era dourada da televisão, quase 25 anos depois de iniciar a sua carreira numa novela..O público português gostou da mudança, visto que S.W.A.T. - Força de Intervenção lidera nas séries mais vistas do ano, depois de ter sido campeã também em 2017, de acordo com os dados da Universal McCann..Com um elenco diverso, S.W.A.T. ambiciona ser mais do que um remake da série dos anos 1970. A química entre os atores é palpável, sobretudo quando as câmaras não estão a rodar. Na preparação dos episódios, há brincadeiras e gargalhadas, uma camaradagem em que Shemar Moore aparece como capitão da equipa. Foi isso que vimos num dia de filmagens em Los Angeles, onde conversámos com o ator que entra pelos ecrãs do AXN nas noites de segunda-feira..Segundo o ator, uma das preocupações é a preparação física para uma série com tanta ação, pois os horários são exigentes e a ação é dura: "Demora oito a dez dias para gravarmos um episódio, com dias de trabalho de 14 a 16 horas. Às vezes não tenho energia para fazer exercício físico. Antes treinava porque queria ter bom aspeto, e claro que quero que as mulheres gostem do que veem, mas os verdadeiros agentes SWAT, quando não estão em missão, são obrigados a treinar uma hora por dia. Temos estes físicos não para sermos polícias sexy, mas porque temos de ter a energia e conseguir fazer as acrobacias.".Até a nível da alimentação há rigor, como conta Shemar Moore: "Antes de começarem as filmagens tive um amigo que é chef a cozinhar para mim de forma a ganhar 5 quilos. Fiz uma dieta estrita, fiz muito ginásio. Durante as filmagens, o desafio é manter o exercício. Quero que o 'Hondo' tenha uma presença intimidante. É desafiante, porque temos de descansar, comer bem e treinar.".Como é estar numa nova série depois de passar tantos anos a interpretar Derek Morgan em Mentes Criminosas?.S.W.A.T. é verdadeiramente um trabalho de sonho, no sentido em que é o culminar de tudo o que fiz na minha carreira de 24 anos. Fiz 8 anos na novela The Young and the Restless, que foi um ótimo sítio para começar e perceber a arte. Passei muito tempo em aulas de representação, porque queria ter a certeza de que tinha o direito de estar aqui. Não queria ser apenas uma cara na televisão, queria mesmo perceber o processo de criar personagens, entender os detalhes e nuances. Não queria só ser uma celebridade, queria que as pessoas se perdessem nas histórias..O que trouxe das outras personagens para SWAT?.Acredito que tudo na minha carreira me trouxe a esta oportunidade de uma vida. Estou constantemente a evoluir como pessoa, a crescer como homem e como ator. Estou muito grato por todos os personagens. O Malcom Winters foi especial porque com ele nasci para Hollywood, foi uma oportunidade de estar à frente das câmaras. Evoluí, fiz outros trabalhos, e quando tive a oportunidade de trabalhar com o Mandy Patinkin e Thomas Gibson em Mentes Criminosas fui levado mais a sério. Sabia que precisava desse próximo capítulo. Sem Malcom nem Derek não haveria Daniel "Hondo" nem eu, Shemar, a liderar esta série. Sinto-me muito orgulhoso - e humilde. Sei que não poderia fazer isto sozinho..É por isso que se enquadra como o capitão da equipa?.Fruto de muita perseverança e acreditar em mim próprio, de que podia ser o protagonista, mas mais orgulhoso ainda de ser o líder. Para ser capitão da equipa é preciso estar consciente de todas as variáveis, do moral, do ritmo, mantendo tudo isto profissional mas ao mesmo tempo divertido. Posso ser o líder, mas sou um jogador de equipa. De manhã costumo estar irritadiço, não sou matinal, mas não descarrego em ninguém. Apareço de óculos de sol, chapéu e café Starbucks na mão. Ao longo dos anos vi muito bom e mau. Vi personalidades "coloridas" e outras sombrias, aprendi com os bons. Pode haver muito disparate e há muitos egos, há muita política, mas eu aprendi com tudo isso. Não temos ninguém nesta série que se comporte como um idiota..Têm muita química?.Sim, não apenas entre atores mas também com escritores, com o resto da produção. Atiramos bolas, fazemos corridas, pregamos partidas uns aos outros. A S.W.A.T. é uma série divertida. Trouxemos de volta a canção, trouxemos o nome, mas não estamos a repetir nada, nem estamos a refazer o filme de há 16 anos. Não estamos a imitar a série dos anos 1970. É a canção do genérico, que dá um pouco de nostalgia a quem se lembra de ver isso..No entanto, a série está completamente localizada em 2018..É tudo no dia de hoje. São os anos de Trump sem falar no Trump, não é uma série política. Mas estamos a falar de problemas sociais reais, que estão a afetar este país e outros por esse mundo fora..Porque quiseram abordar problemas reais na série, como a imigração, o fim do DACA?.E terrorismo doméstico, cyberbullying, Black Lives Matter. Temos um elenco muito diverso, mas sou o único protagonista afro-americano num drama cujo elenco não é maioritariamente negro. Tenho orgulho nisso e também me sinto humilde. É uma enorme responsabilidade e uma grande oportunidade estar nesta posição. O bom da nossa série é que é diversa, temos negros, temos latinos, temos brancos e outras etnias..Como garantiram que não parecia forçado?.Temos uma série de etnias a contar uma história humana, não uma história negra nem asiática ou latina. Estamos a contar histórias que existem mesmo, de uma forma otimista, com uma mensagem fantástica. Estamos a humanizar os polícias, com defeitos, não perfeitos, mas corajosos. Queremos fazer a ponte entre os dois lados. Os homens e as mulheres de azul, para lá do distintivo de polícia, são pessoas normais a fazerem coisas extraordinárias. Não são perfeitos, mas estão a arriscar as suas vidas para criar unidade e segurança..Estão a tentar convencer os espectadores?.Não. A primeira coisa sobre S.W.A.T. é que proporciona um excelente entretenimento. Será intrigante, vocês vão ver cenas de ação muito boas..Mas é uma série que há dez anos não existiria....Bom, eu sou o protagonista afro-americano, a capitã é uma mulher latina, é uma equipa verdadeira. Não posso dizer que temos a melhor série da televisão ou que estamos a fazer algo inédito, mas penso que não há nenhuma série na TV tradicional como a nossa, com os conteúdos que estamos a dar e a quantidade de realidade que trazemos. Não estamos a mostrar fantasia. Todas as nossas histórias são baseadas em realidade e estamos a ser treinados por agentes verdadeiros. Agentes de Los Angeles, San Diego, que veem a vida e a morte..O que é que eles vos dizem?.Dizem-nos exatamente como fariam isto, o que aconteceria, como se lida com as coisas e ao mesmo tempo existirem como seres humanos que arriscam não voltar para casa à noite. Não queremos ser atores fixes, com armas porreiras, a fazer uns brilharetes. Queremos ser atores que dão forma a partes reais da vida e trazem a maior autenticidade possível. Queremos que vejam a série e se divirtam, se entusiasmem com a história, mas também queremos dar uma estalada de realidade, talvez vos toque, talvez concordem com ela ou não. Se pudermos criar um diálogo, se pudermos fazer-vos questionarem-se e melhorarem, parece pesado mas somos uma série provocadora, além do entretenimento que dá..Não é uma sobrecarga para as pessoas que veem séries para fugirem às notícias?.Nós fazemo-lo de uma forma otimista. Não queremos ser pesados nem andar a pregar, mas vamos mostrar problemas reais, vidas diferentes. Mostramos o que se está a passar em termos de imigração, porque se está a passar, o que está por trás disso..Um pouco como Mentes Criminosas?.Similar, mais ou menos, Mentes Criminosas baseava-se em crimes, mas era muito mais pesado. Isto não é sangrento. São pessoas más que queremos trazer à justiça. Se a pessoa comete um crime, tem de enfrentar a punição. Levamos a vida e a morte muito a sério, mas queremos entreter as pessoas com a forma como interpretamos estes polícias. S.W.A.T. é como ver um filme todas as semanas, mas com uma mensagem pungente. Uma série de televisão não vai mudar o mundo, mas pode fazer as pessoas pensar, começar um diálogo, olhar para lá da cor. Deixar as pessoas mostrarem se são boas ou más; não assumir à partida uma ou outra coisa..Qual o feedback?.Tenho fãs e haters. Os fãs promovem a série melhor do que eu. Não param. Tenho uma base de fãs muito fiel.