Suzana Garcia. Direção do PSD hesita com candidatura polémica na Amadora

Advogada e ex-comentadora da TVI, conhecida por ter posições próximas do Chega, foi a escolha do PSD local. A direção nacional porém ainda não a confirma.
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A escolha pelo PSD da Amadora da advogada e (ex-comentadora de casos de polícia na TVI) Suzana Garcia para candidata à câmara está a provocar problemas à direção do PSD.

O facto de a advogada ter um perfil ideológico muito parecido com o de André Ventura - defende, por exemplo, a castração química de condenados por abuso sexual de menores - suscitou criticas internas.

José Eduardo Martins, uma das vozes da oposição, ironizou, numa nota no seu Facebook, tratando a notícia como se fosse própria do Dia das Mentiras. "Hoje ainda é dia 29 pessoal... 1 de Abril é só quinta-feira", escreveu, suscitando mais de duas dezenas de comentários apoiando-lhe a crítica.

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A escolha da polémica advogada terá pertencido à concelhia do PSD da Amadora, sendo depois apoiada pela distrital do partido. Ângelo Pereira, presidente desta estrutura, não o confirmou porém ao DN - mas, de resto, também não desmentiu.

Segundo disse, as críticas ao PSD por causa da escolha da advogada - acusada já por muitos artistas negros de ser racista, por causa das suas intervenções na TVI - resulta do "nervosismo da esquerda" com as opções que o PSD tem vindo a fazer na área abrangida pela distrital de Lisboa do PSD.

Ângelo Pereira considerou ainda que Suzana Garcia nem pode ser considerada racista: "Se estou bem informado, a mãe é mestiça e uma avó é negra."

Além disso, sublinhou, a advogada "tem tido um discurso anti Chega" e até "terá recusado" convites do partido de André Ventura para ser candidata autárquica (alegadamente, por exemplo, a Lisboa).

O mesmo dirigente acrescentou não poder confirmar a escolha porque o que está decidido no partido é que será sempre Rui Rio a fazê-lo.

Para as dez câmaras da margem norte da Área Metropolitana de Lisboa, Rio já anunciou oito candidatos: Carlos Carreiras e Helder Sousa e Silva (presidentes recandidatos a, respetivamente, Cascais e Mafra), além de Carlos Moedas (Lisboa), Rui Corça (Azambuja), Ricardo Baptista Leite (Sintra), Marco Pina (Odivelas), Nelson Batista (Loures) e David Pato Ferreira (Vila Franca de Xira). Faltam precisamente a Amadora e Oeiras (onde se diz que Isaltino poderá ser apoiado pelo PSD).

Racista ou não, a verdade é que o líder do SOS Racismo, Mamadou Ba, criticou duramente a suposta escolha do PSD.

O partido - escreveu no Facebook - está a "entrar forte no campeonato do racismo larvar": "Estas escolhas autárquicas confirmam a vitória da extrema-direita na reconfiguração da direita em Portugal. Uma tristeza e uma ameaça cada vez maior à democracia."

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A direção nacional, por ora, parece hesitar. O coordenador nacional do processo autárquico no PSD, José Silvano, disse ao Expresso que a candidatura "ainda está a ser avaliada". Segundo uma outra declaração, à SIC, a direção nacional do partido desconheceria as posições alinhadas com o Chega que a advogada expôs no espaço público.

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