Suspensa avaliação da vacina Sputnik. "Não temos qualquer contacto com Moscovo"
Os especialistas da Agência Europeia do Medicamento revelaram na tarde desta quinta-feira que a avaliação da vacina russa contra a covid-19 está parada, e não existe "qualquer contacto" com as autoridades de Moscovo.
"A vacina Sputnik tem estado em revisão contínua, mas atualmente não há atividade nesse ciclo de revisão", revelou o chefe de investigação clínica da Agência Europeia do Medicamento, Fergus Sweeney, acrescentando que "além disso, não estão outros produtos russos em análise, nem existe o contacto atual com as autoridades russas".
Produzida a partir de um adenovírus humano, a Sputnik V foi anunciada pela Rússia como a primeira vacina contra o Sars-CoV-2, com uma "eficácia de 90%", de acordo com a empresa que a produz. Em março de 2021, a Agência Europeia do Medicamento iniciou o seu processo de revisão, numa altura em que países como a Hungria já a incluíam no seu programa de vacinação, num processo apelidado pela autoridade europeia como uma "roleta russa" de consequências imprevisíveis, já que a "segurança e eficácia" não estavam comprovadas a nível europeu.
Questionado, esta tarde, sobre se a suspensão agora anunciada se deve à invasão da Ucrânia e às consequentes sanções contra a Rússia, Fergus Sweeney respondeu de forma lacónica, dizendo apenas que a Agência "não tem qualquer contacto atualmente" com Moscovo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também anunciou ontem um processo de suspensão da avaliação da Sputnik V, com as "inspeções adiadas para uma data posterior". A especialista da OMS, Mariângela Simão, esclareceu mesmo que "a avaliação, juntamente com as inspeções, foram afetadas por causa da situação" resultante da Guerra na Ucrânia.
Com as taxas de vacinação na Europa em níveis recorde, a Agência Europeia do Medicamento avalia agora uma nova subida de casos para níveis que, em alguns países europeus, são já considerados como a "sexta vaga de covid-19".
O chefe da task-force para as vacinas, Marco Cavaleri, admite que o "alívio de restrições" é uma das causas prováveis desse aumento, embora reconheça que "é difícil dizer que as restrições foram levantadas cedo de mais". "Mas, claramente, nesta fase, temos de o considerar. Provavelmente, trata-se de um dos aspetos que contribui para o aumento de casos", reconheceu o perito que chefia a equipa para as vacinas na Agência Europeia do Medicamento.
Para Marco Cavaleri, as autoridades devem concentrar-se em "monitorizar quantos desses casos se traduzem em covid grave e em hospitalizações com internamento em cuidados intensivos". "No final é isso que temos principalmente de considerar numa perspetiva de cuidados de saúde", finalizou.
A Alemanha é, até agora, o país que tem registado o maior número de casos, tendo na última semana ultrapassado uma média de 1,36 milhões de infeções diárias.
Seguem-se os Países Baixos que estão acima do 430 mil casos diários. A Áustria aproxima-se dos 300 mil. Portugal regista uma média diária acima dos 80 mil casos, e o R(t) têm apresentado uma tendência de subida.