Sucessor de Soleimani promete uma vingança "viril" contra os EUA

Esmail Qaani assumiu a liderança da Força Quds e acusa os EUA de matarem o seu antecessor "de forma cobarde". Agora, promete uma vingança "masculina".
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O recém-nomeado comandante da Força Quds do Irão disse que os Estados Unidos mataram o antecessor, Qassem Soleimani, "de forma cobarde" e prometeu "atingir o inimigo de forma viril, masculina".

Esmail Qaani fez as declarações na segunda-feira durante a cerimónia de apresentação realizada pelos principais comandantes da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) para marcar o início formal do seu mandato.

"Eles (EUA) atingiram-no (Soleimani) de maneira cobarde, mas com a graça de Deus e através de esforços de pessoas que buscam a liberdade em todo o mundo, que desejam vingança pelo seu sangue, atingiremos o inimigo de uma forma masculina", disse Qaani.

O assassínio de Soleimani num ataque aéreo dos EUA, em Bagdad, em 3 de janeiro, deixou os EUA e o Irão à beira da guerra, mas os temores de um conflito diminuíram quando os ataques iranianos contra alvos dos EUA no Iraque, em 8 de janeiro, foram concluídos sem mortes. O líder supremo do Irão, Ali Khamenei, pediu a expulsão de todas as tropas americanas do Médio Oriente.

A Força Quds faz parte da IRGC, uma organização paramilitar com 125 mil funcionários que responde apenas a Khamenei.

A IRGC supervisiona o programa de mísseis balísticos do Irão, tem forças navais a vigiar a Marinha dos EUA no Golfo e inclui uma força Basij totalmente voluntária. A Quds atua junto de movimentos islâmicos fora do Irão, desde o Médio Oriente a África.

Sob o comando de Soleimani, a Força Quds ajudou a aumentar a influência iraniana no Médio Oriente, construindo uma vasta rede de "amigos" entre movimentos armados da região. Na Síria, a unidade desempenhou um papel fundamental no apoio ao presidente sírio Bashar al-Assad, depois de o país entrar em guerra em 2011. Também armou e treinou milícias que ajudaram a derrotar o Estado Islâmico na Síria e no Iraque.

Khamenei, ao anunciar a nomeação de Qaani, em 3 de janeiro, disse que o novo chefe da Força Quds estava "entre os comandantes mais importantes da IRGC" durante a guerra entre o Irão e o Iraque, de 1980 a 1988, acrescentando que a unidade sob o veterano militar seguirá uma estratégia "idêntica" à perseguida por Soleimani.

Nas cerimónias fúnebres do comandante morto, Qaani, de 62 anos, prometeu continuar no caminho do seu antecessor, "com a mesma força", dizendo que o assassinato "será retribuído em várias etapas ao remover os EUA da região".

Nascido no final dos anos 1950 na cidade de Mashhad, no nordeste do Irão, Qaani ingressou na IRGC em 1980, alguns meses antes das forças iraquianas invadirem o oeste do Irão, desencadeando uma sangrenta guerra de oito anos que matou cerca de um milhão de pessoas.

Logo após a guerra, Qaani foi nomeado vice-chefe das forças terrestres da IRGC. Embora não se saiba exatamente quando Qaani ingressou na Força Quds, a agência de notícias iraniana IRNA disse que foi nomeado vice da unidade em 1997, no mesmo ano em que Soleimani foi nomeado comandante.

Com uma divisão clara do trabalho e a manutenção de esferas de influência geograficamente distintas, Soleimani e Qaani desempenharam um papel estratégico na expansão da influência do Irão nos países vizinhos.

Nas poucas declarações públicas que Qaani fez, criticou os Estados Unidos e Israel e disse, num artigo de 2017, que "as ameaças do presidente dos EUA, Donald Trump, contra o Irão danificarão a América".

Em 2012, os EUA sancionaram Qaani citando o seu papel em entregas financeiras a "elementos da Força Quds em África" e outros "grupos terroristas".

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