Somos todos mentirosos (e ainda bem...)

Já ouviu mentiras de todas as pessoas que conhece. De todas. E também não adianta negar: mente todos os dias, várias vezes, a toda a gente. E quer saber? Ainda bem que assim é: a vida seria insuportável se não fizéssemos esse favor uns aos outros. Quem sabe se não foi por isso que inventaram um Dia da Mentira.
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Mentir é errado, dizemos. Porque magoa as outras pessoas, porque o benefício que causa é menor do que o dano que provoca, porque semeia a incerteza nas relações, porque a moral e a ética e o senso comum dizem que é errado. Será? Não mentir pode magoar mais do que faltar à verdade e, sejamos honestos: as relações sociais - todas elas - estariam condenadas sem a mentira. Por isso, e apesar desta ideia generalista de que mentir é errado, talvez, afinal, não seja assim tão errado. Ou, pelo menos, talvez não seja errado sempre. Porque repare-se como é vasta a amplitude da mentira: se mentimos para enganar com intenção e tirar daí dividendos estamos perante uma «fraude»; se mentimos constantemente somos «aldrabões»; se não somos honestos para evitar magoar os outros chamamos-lhe «filtro social» ou «mentira piedosa»; quando mentimos a nós próprios chamamos-lhe «negação», se a mentira não prejudica ninguém chama-se uma «mentira branca», se uma criança mente dizemos que é a «imaginação» e uma mentira dita com fins maiores, humanitários, pode mesmo chamar-se coragem ou heroísmo. Os estudos mostram que mentimos entre dez e duzentas vezes por dia, dependendo do perfil de cada um e, sobretudo, da quantidade de relações sociais e interações que temos. Fazemo-lo pelas mais variadas razões. Eis uma delas: da próxima vez que a sua mulher ou o seu marido lhe perguntar «estas calças fazem-me gorda/o?», experimente responder «sim, mas o problema não são as calças, é tudo o que comes». Ou da próxima vez que estiver maldisposto e cheio de problemas, experimente responder com sinceridade a toda a gente que lhe faz a costumeira pergunta: «Então, tudo bem?» Já deve ter percebido a ideia. Por isso, quem nunca mentiu que atire a primeira pedra.

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