Socialista francês queixa-se de fundação dirigida por eurodeputada portuguesa

Fundação dirigida por Maria João Rodrigues foi acusada por socialista francês de alegadas "irregularidades" na nomeação do próximo secretário-geral da organização. Processo foi transparente, responde deputada.
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A eurodeputada socialista Maria João Rodrigues volta a estar na berlinda nos meios europeus: depois de noticiado um processo de assédio moral, por uma antiga assessora do seu gabinete, agora é um socialista francês que vem colocar dúvidas sobre alegadas "irregularidades" na nomeação do próximo secretário-geral da Fundação Europeia de Estudos Progressistas (FEPS, na sigla original), um think tank presidido por Maria João Rodrigues, ligado ao Partido Socialista Europeu (PES).

De acordo com uma coluna editorial do jornal Politico , o socialista Henri Nallet, presidente da Fondation Jean Jaurès, apontado como um "dos principais think tanks esquerdistas de França", denunciou, nas palavras do colunista, uma "escolha pré-determinada" e "irregularidades" na nomeação do próximo secretário-geral da FEPS.

Maria João Rodrigues garantiu, em declarações à Lusa, que todo o processo é "transparente e profissional", em respeito das "regras discutidas no bureau (secretariado) da FEPS", na presença de um representante da Jean Jaurès, e publicadas no sítio de Internet da FEPS, e atribui a razão do "mal-estar" da fundação francesa ao facto de ter visto "o seu candidato ser preterido na seleção" de uma short-list de três candidatos finalistas à sucessão de Ernst Stetter, secretário-geral da FEPS desde 2008.

Escolhido o cabeça-de-lista do PS às eleições europeias, Pedro Marques (que foi anunciado na convenção dos socialistas portugueses, em Gaia), o secretário-geral socialista, António Costa, quer fechar a candidatura do PS até dia 28. Um dos três nomes que mais insistentemente tem sido apontado para permanecer em Bruxelas - os outros dois são Carlos Zorrinho e Pedro Silva Pereira - é o de Maria João Rodrigues e, fontes ouvidas pelo DN, apontam este facto como o motivo das notícias que têm surgido envolvendo a eurodeputada.

Numa carta, que é descrita como "amarga", dirigida a Maria João Rodrigues, vice-presidente do grupo socialista e presidente da FEPS, que o Politico obteve, Nallet desafiava a eurodeputada portuguesa a "regressar a um procedimento de nomeação mais aberto e mais democrático", particularmente "neste período que é tão difícil para nossa família política" (os franceses têm mínimos históricos nas sondagens das europeias).

Esta carta foi acolhida com estranheza entre os socialistas europeus e o próprio presidente do PES, Sergei Stanishev, confidenciou a vários jornalistas, como a própria eurodeputada garantiu à Lusa, que o processo já tinha sido decidido pelos órgãos competentes há meses e que nunca ninguém levantou questões.

Segundo apurou o DN, junto de fontes conhecedoras do processo e conforme a referida carta publicada no site, o recrutamento do novo secretário-geral para a FEPS foi, de facto, discutido e validado pelo órgão executivo da fundação, o Bureau, em reuniões de 29 de junho e 14 de setembro de 2018, e através de um procedimento escrito por e-mail que decorreu de 10 a 19 de dezembro.

Nesse processo ficou fechado o perfil desejado para a posição e as condições a oferecer, para além de ficarem definidas as várias fases do processo, o calendário e a composição do painel de seleção.

A estranheza pelo teor do protesto de Henri Nallet, o presidente da Fundação Jean Jaurès, segundo as mesmas fontes, deve-se ao facto dessa fundação estar representada no Bureau da FEPS, por Jean Marc Ayrault, também membro do Partido Socialista francês, e que acompanhou todas as fases do processo de decisão e validação.

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