Quando, em abril de 2016, os Guns N' Roses se apresentaram com a sua formação clássica no mítico festival californiano de Coachella, liderados pelo vocalista Axl Rose e pelo não menos icónico guitarrista Slash, os fãs suspiraram finalmente de alívio. Quase sem aviso, parecia finalmente resolvido o conflito, já com quase 20 anos, entre as duas forças motrizes de uma das maiores bandas da história do rock, iniciado quando Slash abandonou a banda, no final de 1996..E enquanto, nos anos seguintes, Axl Rose ia arrastando o legado dos Guns N' Roses pelos palcos, à frente de sucessivas formações de músicos, o guitarrista começou uma profícua carreira a solo, que, apesar de nunca ter atingido o sucesso comercial da antiga banda, lhe granjeou créditos junto dos fãs e da crítica. Já antes, em 1995, o havia tentado, com os Slash's Snakepit, cujo álbum de estreia, It's Five O'Clock Somewhere, composto por composições próprias, originalmente criadas para os Guns N' Roses, vendeu mais de um milhão de exemplares..Segundo a historiografia da banda, este disco estaria até na origem da rutura com Axl Rose, pois Slash queria continuar a apostar nesta carreira paralela, enquanto a editora Geffen exigia o seu regresso aos Guns N' Roses. O guitarrista foi então tocar para outra freguesia, mais em concreto para um festival de jazz em Budapeste, na Hungria, onde atuou à frente de um grupo chamado Blues Ball, mais direcionado para o blues e o jazz rock, que haveria de levar à ressurreição dos Snakepit no ano 2000, com o álbum Ain't Life Grand, praticamente ignorado por toda a gente..Entretanto, em 2001, o músico teve um ataque cardíaco, resultante de toda uma vida de excessos, que o afastou dos palcos e dos estúdios durante largos meses, até regressar em grande, em 2003, à frente do supergrupo Velvet Revolver. Além de Slash, a banda incluía outros três antigos membros dos Guns N' Roses, o baixista Duff McKagan, o baterista Matt Sorum e o guitarrista Izzy Stradlin (depois substituído por Dave Kushner), bem como o antigo vocalista dos Stone Temple Pilots, Scott Weiland. A carreira do grupo prolongou-se até 2008 e para a posteridade deixaram dois álbuns, Contraband e Liberdad, que deram novo fôlego à carreira de Slash, abrindo espaço para o tão desejado álbum a solo, lançado finalmente em 2010..Denominado simplesmente de Slash, contou com as participações de antigos membros dos Guns N' Roses, como Izzy Stradlin, Duff McKagan e Steven Adler, mas também de gente tão diversa como Ian Astbury (The Cult), Ozzy Osbourne, Fergie (Black Eyed Peas), Chris Cornell (Soundgarden), Lemmy (Motorhead) ou Iggy Pop. Entre os convidados, estava também Myles Kennedy, vocalista e guitarrista dos Alter Bridge, que Slash desafiou para o acompanhar em palco, na digressão de promoção do disco..Um convite que haveria de se transformar em muito mais, com Miles a tornar-se uma espécie de cantor oficial da carreira a solo de Slash. Não só deu a voz aos três discos seguintes de Slash, Apocalyptic Love (2012), World on Fire (2014) e Living the Dream (2018), como também passou a merecer lugar de destaque na capa dos mesmos, assinados como Slash Featuring Myles Kennedy & The Conspirators..É com este coletivo que Slash, de 53 anos e considerado um dos melhores guitarristas da história do rock, se apresenta em Portugal, apenas um ano e alguns meses depois da última visita, com os então regressados Guns N' Roses, aos quais continua ligado. Desta vez, porém, com mais tempo e espaço para fazer o que bem entende a solo, até tocar ao vivo um ou outro tema da sua banda de sempre - não podem é pedir-lhe para o fazer, afinal este é um Slash sem espinhos..Slash Featuring Myles Kennedy & The Conspirators.Campo Pequeno, Lisboa..Hoje, 15 de março, 21.00. €30 a €39