"Filho da puta, comunista de merda".20 de setembro de 2015.Este foi o caso a desencadear toda a investigação da PJ. Neste dia houve uma manifestação contra a vinda dos refugiados, em frente à Assembleia da República, que juntou vários movimentos conotados com a extrema-direita, como os Portugueses Primeiro, mas foram os PHS que organizaram tudo. Ao mesmo tempo, decorria no Coliseu dos Recreios um comício da CDU (Coligação Democrática Unitária, que junta PCP e Os Verdes)..Quando terminaram o seu protesto contra os refugiados, um grupo de cabeças rapadas deslocou-se à Rua das Portas de Santo Antão, ainda a tempo da saída dos participantes do comício. De acordo com o que conseguiram demonstrar com as provas e testemunhos recolhidos, um militante do PCP, acompanhado de uma camarada, foi repentinamente abordado por skinheads, com roupas tipo paramilitares, que empurraram a mulher e começaram a espancar o homem..Outros militantes da CDU tentaram ajudar mas foram empurrados, tendo um deles, que vestia uma t-shirt com a expressão "Antifascista", sido também agredido com murros no rosto e na cabeça..Entre o grupo dos extremistas de direita estava, segundo demonstra o MP, um guarda prisional, que alegou depois estar a tentar ajudar o militante agredido. Foi reconhecido quer pelas vítimas quer por outras testemunhas no local. O MP tem também registo da sua presença na manifestação antirrefugiados, bem como vários indícios da sua proximidade à extrema-direita violenta..O militante comunista perdeu a consciência e sofreu lesões cerebrais muito graves. Esteve internado um mês e ficou com sequelas permanentes na memória. "Filho da puta, cabrão, comunista de merda, parto-te a boca todo, corto-te o pescoço comunista de merda" foram algumas das palavras que testemunhas alegam ter sido proferidas pelos cabeças rapadas, incluindo o guarda prisional, quando agrediam..Esfaqueado e ninguém quis testemunhar.20 de julho de 2014.Esta vítima, um jovem, denunciou à PSP ter sido esfaqueado e agredido por um grupo de seis skinheads, na madrugada de domingo. Duas facadas acertaram na zona lombar e na nádega, tendo sido transportado de ambulância para o hospital..Eram perto das duas de manhã e a cena terá sido presenciada por várias pessoas que passavam no Bairro Alto, um dos locais de encontro dos neonazis. No entanto, quando tentou que testemunhassem para a queixa na polícia, ninguém aceitou, com medo de represálias..Antes de ter sido contactado pela PJ, esta vítima já tinha conseguido identificar alguns dos agressores, através das páginas dos PHS na internet. Imprimiu fotos e entregou. Quatro dos arguidos do atual processo estiveram envolvidos..Ataque a gay e amigas.31 de agosto de 2014.Foi na noite de sábado para domingo, perto das quatro da manhã, quando a principal vítima, um jovem assumido homossexual, se dirigia para o carro de uma das suas duas amigas, que o acompanhavam. Já estava dentro do carro quando um grupo de cabeças rapadas, cerca de dez, começaram a tentar tirá-lo à força, enquanto pontapeavam o automóvel..Quando conseguiram retirá-lo, espancaram-no violentamente com socos, pontapés, garrafas de vidro e uma navalha. Partiram-lhe dois dentes da frente, o nariz, rasgaram o sobrolho direito e fizeram três perfurações no tórax e no abdómen, tendo atingindo o pulmão esquerdo..O jovem ficou inconsciente logo com as primeiras agressões, mas continuou a ser agredido enquanto estava no chão. Esta agressão aconteceu na mesma noite em que os neonazis se juntaram num jantar nacionalista, o que, de acordo com as autoridades, envolvendo muito álcool, rapidamente resulta em distúrbios, principalmente por parte dos novos membros a querer mostrar as suas capacidades..Censura a Grândola, Vila Morena.6 de fevereiro de 2015.A vítima estava dentro de um bar quando foi abordada por cinco cabeças rapadas. Eram cerca das 02.30. Começaram a perguntar se sabia quem eles eram e a empurrá-lo pelas costas. Os clientes do bar, habitualmente frequentado por pessoas conotadas com a esquerda política, foram em seu auxílio e instalou-se o caos total, com mesas, garrafas e cadeiras pelo ar..A vítima reconheceu, pelo menos, dois dos arguidos, que integravam um grupo que na semana anterior tinha tentado apagar um cigarro na sua cara. Já depois disso, na noite de 25 de abril de 2015, o dono do bar tinha posto a tocar a Grândola, Vila Morena, quando vários skinheads lhe ordenaram para mudar a música. .Com receio de que voltasse a acontecer desacatos como os de fevereiro, o proprietário retirou a música e encerrou o bar nesse momento.."Vamos matar-te, preto".19 de setembro de 2015.Este é um dos casos que mais surpreenderam os investigadores. Com agressores reconhecidos por uma tentativa de homicídio e testemunhos registados, o processo foi arquivado. A vítima, um homem negro, saía de um jantar de aniversário num restaurante em Olival de Basto..O restaurante ficava perto de um local de encontro dos skinheads - a skinhouse também alvo de buscas na operação da PJ - e acabou por se cruzar com um grupo de 20 cabeças rapadas. Sem tempo para se desviar levou logo um soco na cara: "Que estás aqui a fazer preto?", gritou um deles, enquanto lhe arrancava o fio de ouro..Caiu no chão e levou pontapés e murros, ficando inconsciente. Antes ouviu gritar "vamos-te matar, preto, aqui não entram pretos". Uma semana depois, a vítima foi à PSP fazer um reconhecimento fotográfico e identificou oito hammerskins. Apesar disso, o inquérito foi arquivado pelo MP de Loures. A PJ solicitou a sua reabertura e juntou o inquérito a este processo..Cinco espancam negro.Novembro de 2013.Este foi um dos casos mais antigos que a PJ foi recuperar. Estava arquivado, apesar da violência envolvida. A vítima, um negro que circulava de manhã junto à Estrada de Benfica, foi atacado por cinco cabeças rapadas..Foi cercado e agredido com uma chave cruz, e esfaqueado com navalhas, tendo sido golpeado em várias partes do corpo perdido muito sangue..A PSP deslocou-se ao local para recolher os vestígios, mas a vítima não quis apresentar queixa na altura alegando temer represálias, pois conhecia o grupo do Bairro Alto..Apesar dos indícios claros de se tratar de um crime de ódio, o processo não avançou. Quando contactado pela PJ, no entanto, a vítima ganhou coragem e reconheceu no ataque motivações racistas por parte do grupo conotado com a extrema-direita. O caso foi reaberto e faz parte do atual processo..Muçulmano agredido no Bairro Alto.18 de abril de 2014.A vítima era um imigrante senegalês, muçulmano, vendedor ambulante de óculos, chapéus e pulseiras. Cerca das 4 da manhã de uma sexta-feira à noite, foi cercado por um grupo de sete pessoas, entre os quais cinco dos arguidos do presente inquérito e duas mulheres. Agarrado pelo pescoço foi atirado ao chão e espancado com pontapés e murros. Um dos suspeitos era "prospect" dos PHS.. Depois da festa a violência.26 abril de 2014.Ainda na "ressaca" das celebrações do 25 de abril, esta vítima, um homem, foi agredida em pleno dia por três cabeças rapadas. Admitiu que estaria um pouco embriagado e que aquele grupo, com postura e roupa estilo militar, lhe chamou a atenção..Chamou-lhes "nazis". Uma "chave" feita por um dos skinheads deixou-o sem sentidos. Quando recuperou e ia tentar beber água, foi de novo atacado. "Tu merecias era mais", ouviu. E levou outro murro na cara..Explicou à PJ que não quis apresentar queixa porque os agentes da PSP lhe disseram que se tratavam de pessoas muito perigosas, que pertenciam a um grupo violento. A PSP ainda tinha conseguido identificar pelo menos dois dos arguidos, mas na investigação da PJ esta vítima recusou-se a confirmar os reconhecimentos..Agredidos por prospects.29 abril de 2014.Dois homens denunciaram à PSP ter sido agredidos por um grupo de cabeças rapadas, perto das quatro da manhã, na rua de São Pedro de Alcântara. Esta força de segurança conseguiu identificar três skinheads, na altura prospects dos PHS. Entre eles estão arguidos deste processo. Mais um inquérito que integrou a investigação da PJ..Dois homens espancados.23 de julho de 2014.Cerca das quatro da manhã, na madrugada de quarta para quinta-feira, dois homens foram agredidos violentamente com socos, na Rua de S. Paulo, com por três cabeças rapadas - identificados posteriormente pela PSP quando ainda se encontravam perto do local..Tratam-se de três dos arguidos do atual processo que, na altura, eram "prospects" dos Hammerskins. Um dos homens contou que o amigo tinha sido agredido na cara e quando o tentou ajudar foi atingido nas costas, com o que veio depois a saber, já no hospital, ter sido uma faca que o perfurou. Caiu inanimado no chão e ficou também ferido na cabeça..Dois gays insultados e agredidos.17 janeiro 2015.Os dois amigos estavam na Praça da Alegria, cerca das seis da manhã de sábado, com outras pessoas, quando foram abordados por cabeças rapadas. Um deles, que foi depois identificado e constituído arguido no presente inquérito, pediu-lhes um cigarro tendo depois começado a lançar insultos homofóbicos..Uma amiga tentou interferir, mas foi logo agredida com um pontapé na barriga. O mesmo suspeito esmurrou a face de um dos homens e cuspiu-lhe em cima.."Vou-te apanhar, vou-te matar".20 de janeiro de 2017.Um membro do Núcleo Antifascista do Porto estava no aeroporto daquela cidade quando foi insultado e agredido por dois cabeças rapadas do Portugal Hammer Skins (PHS), cuja identidade reconheceu. As agressões não foram mais longe porque o jovem pratica Krav Maga e conseguiu defender-se.."Vou-te apanhar, vou-te matar", ouviu-os gritar ainda em tom ameaçador. Ainda lhe conseguiram arrancar um emblema do Núcleo Antifascista que tinha cosido no blusão. O patch foi depois exibido nas páginas do facebook dos neonazis, como troféu das agressões - facto que serviu como prova do roubo para a polícia. Este jovem, bastante ativo nas redes sociais contra a extrema-direita. sofreu, já este ano, uma tentativa de atropelamento no Porto e suspeita que os seus autores sejam os cabeças rapadas. Fez queixa à PJ que já abriu um inquérito.