Sindicato acusa ministro de falta de honestidade

O Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI) acusou terça-feira o ministro da Economia de ser "desonesto", ao defender o plano estratégico dos transportes como "a tábua de salvação" das operadoras públicas e dos postos de trabalho, sem cortar no despesismo.
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Em comunicado, o sindicato, que representa parte dos trabalhadores da CP, que estiveram na terça-feira em greve nas horas de ponta contra a reestruturação do sector dos transportes públicos, aponta "a falta de honestidade" de Álvaro Santos Pereira, por apresentar o plano estratégico do sector como "a tábua de salvação" das transportadoras públicas, a "única forma de evitar o despedimento de milhares de trabalhadores".

O sindicato assegura que "isto não corresponde à verdade".

O Plano Estratégico dos Transportes 2011-2015, aprovado em Outubro em Conselho de Ministros, inclui, entre outras medidas, a redução, não quantificada, de quadros efectivos das transportadoras públicas.

Na terça-feira, ao comentar a greve, o ministro da Economia contradisse o documento, afirmando que "os postos de trabalho destas empresas, em falência técnica, têm que ser salvos".

Álvaro Santos Pereira adiantou que as operadoras públicas de transportes acumularam dez mil milhões de dívidas nos últimos dez anos.

No comunicado, o Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante sustenta que o plano estratégico dos transportes "não só resultará numa clara penalização de todos os utentes", com a desactivação de alguns serviços, "como não contempla uma das promessas do Governo: cortar nas gorduras".

Em declarações à Agência Lusa, o presidente do sindicato, Luís Bravo, alegou, a este propósito, que o documento prevê a diminuição de funcionários da "área operacional" e não de "cargos directivos ou quadros superiores" e criticou o investimento da CP de "6,6 milhões de euros" em portas automáticas nas estações de comboios das linhas de Sintra e Cascais.

O SFRCI considera inaceitável que, no ano passado, se "tenham investido mais de três milhões de euros" no melhoramento da linha ferroviária do Vouga, que o plano estratégico dos transportes prevê desactivar até ao fim de 2011, mas, que segundo o sindicato, registou "um aumento dos utentes na ordem dos 15 por cento".

Álvaro Santos Pereira já admitiu que, se aparecerem empresas privadas interessadas em alguma das linhas-férreas com encerramento previsto, o Governo as manterá em funcionamento.

O Executivo PSD-CDS/PP, liderado por Pedro Passos Coelho, pretende reestruturar as empresas públicas dos transportes e, posteriormente, abrir à iniciativa privada as actividades de operação e exploração dos serviços de transporte público de passageiros.

Respondendo à acusação do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante, a assessoria de imprensa do ministro da Economia reafirmou a necessidade do plano estratégico de transportes para salvar as operadoras da falência, assegurando o maior número de postos de trabalho "possível".

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