Croácia faz história e vai jogar a final com a França
Os ingleses andavam eufóricos com a campanha da sua seleção, cantavam "It's coming home" por todo o lado - resgatando a música feita para celebrar o regresso de uma grande competição de futebol a Inglaterra na altura do Euro96 - e em apenas cinco minutos viram Trippier, o Beckham de Bury, fazer curvar a bola tão bem ou melhor do que o homem que lhe valeu a alcunha, num livre irrepreensível.
Mas a Croácia já tinha mostrado que trabalho extra não é problema para a talentosa geração comandada por Modric e Rakitic e, pela terceira vez consecutiva, recuperou uma desvantagem, forçou o prolongamento e saiu vitoriosa após 120 minutos (desta vez sem desempate por penaltis), assegurando a primeira final da história deste país que se tornou independente da antiga Jugoslávia em 1991, há 27 anos.
Perisic igualou para a Croácia aos 68 minutos e a seleção de Zlatko Dalic acordou finalmente para o jogo, passando a dominar os ingleses, que tinham estado bem melhor durante a primeira metade. No prolongamento, Mandzukic decidiu a meia-final, aproveitando um ping-pong entre a defesa britânica e o ataque croata: a bola sobrou da cabeça de Perisic e o avançado da Juventus foi mais rápido do que o central Stones a reagir, fazendo o 2-1 aos 109 minutos.
Nesta jovem vida da nação croata, já uma outra geração dourada tinha deixado a seleção de futebol às portas da história, em 1998, quando Suker, Prosinecki, Boban, Jarni e companhia, liderados desde o banco por Miroslav Blazevic, chegou às meias-finais do Mundial em França, perdendo apenas para a seleção da casa, que haveria de se sagrar campeã.
Agora, no próximo domingo, a Croácia de Modric, Rakitic, Perisic e Mandzukic terá oportunidade para vingar essa meia-final e conquistar o primeiro troféu internacional de seleções para o país dos Balcãs, já que o adversário nesta primeira final de um Mundial para os croatas é precisamente a França, treinada por Deschamps, um dos jogadores daquela geração gaulesa de 98.
A Croácia terá, no entanto, um handicap a anular: com três prolongamentos consecutivos desde os oitavos de final, já jogou mais um jogo inteiro (90 minutos) do que a França nesta fase a eliminar. E, além disso, os franceses - que bateram a Bélgica na terça-feira - têm um dia e 30 minutos mais de repouso entre a meia-final e a final.
Para os ingleses, que voltaram a uma meia-final pela primeira vez desde 1990, ainda não é desta que a taça de campeão do mundo regressará ao país que se orgulhosa de ser a casa do futebol moderno. O Mundial de 1966 continua a ser uma memória irrepetível para a Inglaterra.
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