Sessão cancelada por causa de registos médicos
"Foi descoberto que há mais registos do Hospital Bellevue e temos de olhar para eles", disse o advogado de defesa, David Touger, após uma reunião com o juiz Daniel Fitgerald e a procuradora Maxine Rosenthal.
O novo corpo de provas apresentado por Rosenthal é a totalidade dos registos do Hospital de Bellevue, com 1.117 páginas, adiantou.
"De modo geral, [o teor dos documentos] é mais do mesmo", disse o advogado de defesa, que pede que Seabra seja considerado não culpado por razão de perturbações mentais no momento do crime, sustentando-se nos registos psiquiátricos hospitalares.
Touger disse estar impedido, pelo segredo de Justiça, de explicar por que não foram apresentados antes todos os registos.
A revisão dos documentos, adiantou, estará completa até quarta-feira de manhã, quando for retomado o julgamento, iniciado a 10 de outubro.
A sessão foi interrompida na passada sexta-feira, quando a procuradora Maxine Rosenthal contra-interrogava a primeira testemunha da defesa, o psicólogo Jeffrey Singer, que elaborou um relatório com base nos diagnósticos das três instituições psiquiátricas por onde passou Seabra, que também entrevistou.
Este sustenta que o jovem não tinha consciência dos seus atos no momento do crime, por estar a sofrer um episódio psicótico grave, ligado a um estado de bipolaridade.
Singer relatou ainda excertos das suas entrevistas a Seabra, com uma hora e meia no total, em que o jovem falou de um estado de confusão mental nos três dias antes do crime de 7 de janeiro de 2011, debatendo-se durante as férias com a condição de homossexual.
Revelou pormenores sobre o seu "historial consistente de bissexualidade" e da relação com Castro, que considerava uma oportunidade para vingar no mundo da moda.
Sobre o momento violento do crime, disse recordar-se que, depois do primeiro ataque a Castro, "ainda respirava de maneira pesada", o que o assustou por pensar "que era o diabo, que ia voltar à vida" e que só poderia matá-lo se mutilasse os seus órgãos genitais.
"Foi louco, demasiado rápido. Estava louco porque sou tipo de pessoa que nunca entrou numa luta", adiantou.
Numa entrevista a um psiquiatra contratado pela defesa, Seabra relatou que "vozes" lhe disseram para cortar os seus próprios pulsos e que o sangue da vítima dar-lhe-ia o poder para curar as pessoas da homossexualidade.
Depois do crime, relatou, "ouviu vozes a dizer que tinha feito bem".
As várias horas de duração do crime, disse Singer, mostram o "estado psicótico" em que se encontrava Seabra, tal como o facto de se ter arranjado antes de sair do quarto.
Outra indicação de psicose, afirmou, é o relato feito à Polícia, e que também surge nos registos do hospital, de ter tentado tocar nas pessoas para as "curar".
Os registos hospitalares, defendeu Singer, documentam um "estado maníaco psicótico agudo", logo depois do crime e muitos meses depois.