Sérvia acusa Austrália de "assédio". Deportação de Djokovic só depois de segunda

Após a revogação do visto do número 1 do ténis mundial, Austrália só irá deportar Djokovic após uma audiência na segunda-feira. O tenista está num hotel de quarentena a aguardar pelo desenrolar do processo. Atleta já fez saber que vai apresentar recurso.
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Retido pelas autoridades de imigração em Melbourne desde que chegou ao país com a intenção de competir no Open da Austrália, que começa no dia 17, o tenista Novak Djokovic deverá ser deportado na próxima semana. A informação foi dada esta quinta-feira pelo advogado que representa o governo australiano em tribunal. Christopher Tran, citado pela AFP, fez saber que a Austrália não pretende deportar o tenista sérvio antes de uma audiência final marcada para segunda-feira.

Quando Djokovic chegou ao aeroporto da cidade de Melbourne com uma isenção médica - uma exceção que o autorizaria a participar no Grand Slam sem estar vacinado contra a covid-19 -, documento que lhe permitiria defender o seu título no Open da Austrália, os funcionários de controlo fronteiriço revogaram o seu visto pelo facto de o tenista não conseguir justificar a autorização e detiveram-no durante várias horas.

O atleta, de 34 anos, encontra-se num hotel de quarentena em Melbourne, segundo os media locais, e junto à unidade hoteleira várias pessoas manifestaram-se contra a detenção do tenista sérvio.

Depois de ser enviado para o hotel para cumprir quarentena, à espera de ser deportado, o atleta interpôs uma ação judicial contra a suspensão do seu visto.

O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, negou, entretanto, que o tenista número 1 do mundo Novak Djokovic fosse vítima de assédio, justificando a revogação do visto do atleta por não cumprir os requisitos impostos pela pandemia de covid-19.

"A Austrália tem regras claras sobre as suas fronteiras soberanas que não são discriminatórias", disse Morrison numa conferência de imprensa em Camberra, explicando que a revogação do visto foi em resposta "à aplicação razoável das leis australianas de proteção das fronteiras".

Os comentários de Morrison vêm na sequência do Presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, ter dito que o seu país iria lutar para defender Djokovic e que as autoridades do país dos Balcãs estavam a trabalhar para acabar com o "assédio" ao jogador.

Já 20 vezes vencedor do Grand Slam, tal como Roger Federer e Rafael Nadal, o sérvio Novak Djokovic tem como objetivo um 21.º título em Melbourne.

O Open da Austrália é o seu torneio favorito: foi em Melbourne que o sérvio ganhou o seu primeiro Grand Slam (2008), e ninguém lá ganhou tanto como ele (nove vitórias).

Na terça-feira o tenista revelou que lhe tinha sido concedida uma "isenção médica" para fazer a viagem. A federação australiana solicitou o sigilo médico para evitar justificar a renúncia.

O anúncio provocou reações negativas num país onde as medidas de combate à covid-19 foram particularmente rigorosas. Surgiram várias críticas de alguns jogadores, que denunciaram um padrão duplo, e por parte de alguma imprensa australiana.

Nadal foi um dos tenistas que criticou a posição de Djokovic ao afirmar que o colega de profissão sabia dos riscos da sua decisão. "Ele fez as suas próprias decisões. Todos somos livres para fazermos as nossas decisões, mas depois há algumas consequências ", afirmou o tenista espanhol.

"Claro que não gosto da situação. De alguma forma, sinto pena dele. Mas, ao mesmo tempo, ele conhecia as condições há muitos meses", considerou Nadal, citado pela AFP.

O tenista espanhol testou positivo à covid-19 no passado mês de dezembro e é um defensor da vacinação no combate à pandemia. Em Melbourne, contou que tomou as duas doses da vacina e referiu que quem for vacinado "não tem qualquer problema" em jogar no primeiro Grand Slam do ano.

"A única coisa que é clara para mim é que se está vacinado pode jogar no Open da Austrália e em qualquer lugar. Na minha opinião, o mundo tem sofrido o suficiente por não se seguir as regras", defendeu.

Novak Djokovic já se tinha pronunciado em abril de 2020 contra a vacinação obrigatória, que estava prevista na altura para permitir que os torneios fossem retomados.

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