Desde 1974, quando aí se apresentou numa sessão de canto livre, apenas um mês depois do 25 de Abril, já foram muitas as vezes que Sérgio Godinho passou pelo palco do Teatro de São Luiz, em Lisboa. Nunca, no entanto, como o irá fazer agora, nos quatro concertos que irá dar nesta sala até domingo, onde se irá apresentar na companhia da Orquestra Metropolitana de Lisboa, dirigida pelo maestro Cesário Costa, para recriar alguns dos seus maiores clássicos (e não só) em modo sinfónico. Já não é a primeira vez que Sérgio Godinho muda o formato das suas músicas, mas "isto é algo inédito", como o próprio afirmou nesta entrevista ao DN. "Não podia recusar um desafio destes"..Como é que surgiu esta ideia, de se juntar em palco à Orquestra Metropolitana de Lisboa?.Foi um convite da própria direção do São Luiz, na sequência do que já tinha feito anteriormente com outros artistas, como o Camané, que no ano passado também fez aqui um concerto com a Orquestra Metropolitana de Lisboa. Este ano calhou-me a mim e aceitei de imediato, por ser uma experiência totalmente nova para mim..Nunca antes tinha atuado acompanhado de uma Orquestra?.Já atuei algumas vezes com a Orquestra de Jazz de Matosinhos, com quem vou voltar a tocar no final deste mês, na Casa da Música, e também já tive algumas experiências com filarmónicas, mas com uma orquestra sinfónica é uma situação inédita para mim. Toquei apenas duas músicas nesse registo, numa gala de cinema em que participei, mas foi algo de ocasional, que nunca mais se repetiu..Foi complicado fazer os arranjos para orquestra?.Gosto muito de mudar o formato das minhas canções, de as submeter a novas experiências, é algo que faço regularmente, embora nunca o tivesse com uma orquestra. Mas foi também isso que tornou este desafio tão interessante. Os arranjos são do Filipe Raposo, com quem já trabalho há muito tempo. Há toda uma relação de confiança e uma experiência mútua que facilitou todo o trabalho. Já estivemos a ensaiar com a orquestra, que é composta por músicos fantásticos e muito bem dirigida pelo maestro Cesário Costa, e correu tudo muito bem..Os Assessores, a banda que habitualmente o acompanha em palco, também estará presente em palco?.Sim, essa foi uma das questões que inicialmente se colocaram, mas não fazia sentido prescindir da banda e acabámos por inclui-los, o que acabou por se revelar um casamento muito profícuo, entre eles e a orquestra..Como vai ser o concerto, em termos de formato?.Vai ter uma parte inicial, com oito canções, em que irão estar todos em palco comigo, a orquestra, a banda e o Filipe Raposo ao piano. Depois, ao longo do concerto, haverá momentos em que estarei apenas acompanhado da orquestra, outras só com a banda e algumas só com piano..E qual vai ser o alinhamento? Foi difícil escolher as canções?.Essa é sempre a parte mais difícil, num espetáculo como este, porque são tantas... Há aquelas que têm de estar, como o Primeiro Dia ou o Com um Brilhozinho nos Olhos, porque as pessoas querem ouvir, mas também porque me continuam a dar um grande prazer em tocar. Vamos também tocar alguns temas do último disco, Nação Valente, porque estão mais presentes, mas também resgatei algumas canções que já estavam há algum tempo na estante, à espera de um momento como este, como Velho Samurai, Só Neste País ou Homem Fantasma.