Marcano e Sérgio Oliveira foram remédio para o FC Porto
O jogo com o Gil Vicente era muito importante para o FC Porto. Era aquele jogo em que a equipa tinha de reagir aos últimos acontecimentos e vencer para continuar a sete pontos do líder Benfica e assim continuar a lutar pelo título. A missão foi bem sucedida, embora sem brilhantismo. Foi um dragão murcho e sem intensidade aquele que esta terça-feira venceu os gilistas (como sempre osso duro de roer), por 2-1, com golos de Marcano e Sérgio Oliveira. Um jogo em que começou a perder (golo de Sandro Lima), mas em que deu a volta com a dose certa de sorte e competência.
O panorama atual para os lados do Dragão está longe de ser o ideal e isso notou-se no jogo. O próprio Sérgio Conceição admitiu no final do jogo que o contexto não era o ideal. Os maus resultados (duas derrotas em três jogos e um troféu perdido), as fracas exibições e o turbilhão criado com os desabafos do treinador no final da Taça da Liga - criticou falta de união interna e falta de investimento na equipa - deram origem a um silêncio ensurdecedor durante os últimos dias. O técnico recebeu entretanto mensagens de apoio da claque da equipa e votos de confiança da estrutura, segundo um editorial da revista Dragões, mas o ambiente no Dragão não desanuviou. Sérgio Conceição não fez a antevisão do jogo com o Gil Vicente, mas no final foi ao flash interview dar a sua visão do jogo e remetendo mais explicações para quando for oportuno.
Sérgio Conceição fez quatro alterações no onze do FC Porto para a partida com o Gil Vicente. Em comparação com a final da Taça da Liga, perdida para o Sp. Braga entraram Marchesín, Manafá, Uribe e Romário Baró entram na equipa inicial para os lugares de Diogo Costa, (por opção) Danilo (problemas físicos), Otávio (castigado) e Luis Díaz (por opção). Já Vítor Oliveira (de castigo na bancada) fez duas alterações em relação à última partida, com Claude Gonçalves e Naidji a darem a vez a João Afonso e Arthur.
Os dragões entraram com genica, mas rapidamente perceberam que o jogo não ia fluir como esperado. Os gilista esperaram para ver como o adversário se posicionava para depois definirem a abordagem ao jogo e decidirem ser coesos na defesa para depois construir jogadas simples e em velocidade.
Sem criatividade para furar a barreira organizado da equipa de Barcelos os dragões forma baixando o nível de intensidade e isso refletiu-se nas poucas ou nenhumas oportunidades de golo até ao fim da primeira parte. Apesar de ter mais bola, a equipa de Sérgio Conceição não conseguia criar espaços na frente e nem sempre escolhia os melhores caminhos para a baliza gilista. A bola não chegava em boas condições à dupla de ataque Soares/Marega.
O jogo só animou aos 45 minutos. Um contra-ataque bem desenhado pela equipa de Barcelos deixou o dragão a perder... num lance caricato. Um frango de Marchesín. Lourency colocou rápido para Fernando Fonseca e o lateral cruzou para Sandro Lima, que cabeceou na direção da baliza e perante a passividade de Marcano. A bola escapou por baixo de Marchesín e entrou na baliza. Muitas culpas portistas na abordagem ao lance. De mal o menos, na jogada seguinte os portistas chegaram ao empate. Marcano redimiu-se e foi lá à frente fazer o 1-1 de cabeça. Os gilistas ficaram com dúvidas sobre a posição legal do central espanhol, mas o lance nem sequer foi analisado pelo VAR. Quem não viu o golo foi o treinador portista, que já tinha virado costas ao jogo e ia em direção aos balneários quando a equipa chegou ao empate.
Os dragões saíram para o intervalo debaixo de um coro de assobios das despidas bancadas (apenas 18 605) após 45 minutos muito pouco interessantes. Serviram de lição. A equipa portista regressou com vontade de dar outro rumo ao jogo e ao contrário do que aconteceu na primeira parte não perdeu gás e conseguiu dar a volta ao resultado com a ajuda da meia distância. Um remate bem colocado e forte de Sérgio Olivera colocou o FC Porto a vencer aos 57 minutos de jogo.
Um golo que levou Sérgio Conceição a mexer na equipa. O técnico tirou Manafá e fez entrar Vítor Ferreira (teve uma oportunidade de golo assim que entrou). Uma mudança que obrigou Corona a baixar no terreno, para jogar a lateral direito.
Depois o Gil Vicente ficou reduzido a dez unidades (João Afonso foi expulso) e a tarefa gilista de amealhar pontos no Dragão ficou mais difícil. Com mais um em campo, os portistas aumentaram a circulação de bola e criaram espaços na frente, onde os combativos, mas desinspirados Soares e Marega não conseguiam ser letais. Talvez por isso o técnico apelou à genica do miúdo Fábio Silva (tirou Marega), mas já não houve tempo nem oportunidade para fazer mais e melhor.
O jogo acabou assim com mais um triunfo portista (2-1). O resultado permite à equipa de Sérgio Conceição regressar às vitórias no campeonato depois de terem perdido com o Sp. Braga a fechar a primeira volta e os três pontos amealhados garantem a distância de sete pontos para o líder Benfica.
FIGURA
Baró. Num jogo de pouca intensidade e poucos destaques individuais (e sem Danilo), sobressaiu a irreverência do miúdo das tranças, que não era titular há quatro meses. Nos 68 minutos que esteve em campo mostrou a vontade de assumir o jogo e foi combativo na luta pela bola a meio campo. De tal maneira que sofreu meia dúzia de faltas feias. Foi ele que mostrou paciência e sabedoria a segurar a bola e a libertá-la quando necessário. Ficou ligado ao 2-1, com o passe para o golo de Sérgio Oliveira. Saiu desagrado depois de ter falhado uma possibilidade de golo, mas o Dragão perdoou-lhe aplaudiu-o na hora da saída.
VEJA OS GOLOS
FICA DE JOGO
Jogo disputado no Estádio do Dragão, no Porto.
FC Porto - Gil Vicente, 2-1.
Marcadores:
0-1, Sandro Lima, 45 minutos.
1-1, Marcano, 45+2.
2-1, Sérgio Oliveira,57.
Equipas:
FC Porto: Marchesín, Manafá (Vítor Ferreira, 61), Mbemba, Marcano, Alex Telles, Romário Baró (Luis Díaz, 68), Matheus Uribe, Sérgio Oliveira, Corona, Marega (Fábio Silva, 81) e Soares.
Treinador: Sérgio Conceição.
Gil Vicente: Denis, Fernando Fonseca, Rodrigão, Rúben Fernandes, Arthur Henrique (Romário Baldé, 46), João Afonso, Soares, Lourency (Naidji, 80), Kraev (Ahmed Isaiah, 80), Arthur e Sandro Lima.
Treinador: Vítor Oliveira.
Árbitro: Rui Oliveira (AF Leiria).
Ação disciplinar: cartão amarelo para Sérgio Oliveira (15), João Afonso (15 e 73), Sandro Lima (45+3), Soares (90+2). Cartão vermelho por acumulação de amarelos para João Afonso (72).
Assistência: 18 605 espetadores.