Ser alternativa em vez de querer coligar-se

O candidato às eleições primárias do PS António Costa considerou este domingo que o partido só pode ser alternativa ao Governo se "não se limitar a querer ser o parceiro de coligação do PSD ou do CDS".
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"Há uma missão para nós e uma missão que o PS é chamado a desempenhar. O PS tem que ter capacidade para o poder fazer. Só o conseguirá fazer se partir para este processo, para a construção desta alternativa, com a ambição de ser alternativa do Governo, de ser a solução do Governo e não se limitar a querer ser o parceiro de coligação do PSD ou do CDS porque ninguém fará a diferença governando com quem tem feito a política que tem sido feita pelo atual Governo", disse António Costa, num almoço em Matosinhos.

O candidato às eleições primárias do PS adiantou que aquilo que sente e tem visto em todo o país "é que desta vez vão estar com o PS muito mais do que os tradicionais eleitores do PS".

"Porque o radicalismo ideológico do Governo, a brutalidade social desta governação, o insucesso dos resultados alcançados alteraram profundamente as fronteiras políticas do nosso país", justificou.

António Costa aproveitou o momento para felicitar em público os vencedores das eleições para as federações do PS - os seus apoiantes ganharam 10 estruturas, contra as nove dos de Seguro - garantindo que gostará e terá "enorme gosto em trabalhar" com todos.

"Porque seja como militante, seja como líder do PS, trabalharei com todos os dirigentes federativos sem exceção, de forma igual, respeitando o sentido do voto dos militantes do PS", garantiu.

O candidato socialista reiterou aquilo que os portugueses quiseram dizer com os resultados das eleições europeias de maio: "foi que estão fartos do atual Governo mas estão à espera de um PS em que voltem a confiar".

O também presidente da Câmara de Lisboa garantiu que o projeto que lidera tem essa capacidade de trazer a confiança de volta, com o objetivo de "mobilizar Portugal", sublinhando a necessidade de relançar as empresas e combater o desemprego.

"É absolutamente inaceitável que este Governo ainda tenha por gastar e por investir quase cinco mil milhões de fundos do atual quadro comunitário de apoio e tenha paralisado o próximo ciclo de financiamento comunitário que era tão importante para ativar e dinamizar a nossa economia", criticou, sublinhando a prioridade ao combate à pobreza, especialmente a juvenil e infantil.

Para o opositor de António José Seguro na disputa pelo lugar a candidato do PS a primeiro-ministro, o que os portugueses pedem não é que o PS faça "uma diferença pequenina relativamente àquilo que tem sido a política do atual Governo" mas sim que tenha "mesmo um caminho alternativo".

Neste almoço em Matosinhos - onde nas últimas eleições autárquicas se protagonizou a perda de um bastião socialista com décadas devido à saída do presidente reeleito do PS, Guilherme Pinto, que se candidatou como independente - esteve "toda a família socialista", inclusivamente António Parada, o candidato socialista derrotado.

O vereador socialista da Câmara do Porto, Manuel Pizarro, considerou que aquilo a que se assistiu nas eleições para as federações do último fim de semana foi que os militantes "falaram bem alto" e "disseram que querem uma mudança na direção do PS".

"Na direção do PS há agora quem queira imitar aquele ministro da propaganda de Saddam, que quanto mais as forças avançavam, mais ele dizia que o regime estava seguro até ao dia em que já não havia ministro da propaganda para falar em nome do regime", comparou.

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