A obra, editada pela Tinta da China, vai ser lançada a 03 de Março, às 19.00, na Livraria Pó dos Livros, em Lisboa, com apresentação do escritor Gonçalo M.Tavares, segundo a editora. "No Inverno de 2006, por razões que não me interessa explicar, entrei numa cabine telefónica, perto da igreja de Saint-Sulpice, em Paris. Lá dentro, ao lado da lista telefónica, encontrei um envelope castanho, contendo estas fotografias. O envelope não tinha nem remetente nem destinatário", escreve Daniel Blaufuks numa pequena introdução do livro. Neste segundo livro do fotógrafo inserido na colecção de cadernos com o seu nome editada pela Tinta da China, 31 fotografias mostram vários túmulos em cemitérios não identificados, e as inscrições nas lápides não têm data, apenas o nome de família..Em declarações à agência Lusa, o artista recordou que a ideia que está por detrás da criação destes cadernos é "de serem misteriosos por si mesmos: colocam mais perguntas do que dão respostas". O autor relatou ter encontrado as fotografias e depois fotografou-as para colocar neste livro, desconhecendo onde foram tiradas. "Não há datas nem primeiros nomes, só os nomes de família, mas é possível perceber que têm origem judaica", observou o artista que tem vindo a trabalhar sobre o tema da memória do povo judaico. Nascido em Lisboa em 1963, numa família de refugiados judeus alemães, formou-se na escola de artes AR.CO, em Lisboa, no Royal College of Arts, em Londres, e na Watermill Foundation, em Nova Iorque. Nos anos 1990 colaborou com o escritor Paul Bowles, e desde essa altura que se tem centrado na relação entre fotografia e literatura. A relação entre o público e o privado tem sido uma das constantes interrogações no seu trabalho, assim como a ligação entre a recordação pessoal e a memória colectiva..Neste caderno, mais uma vez, as imagens "surgem como pequenos quebra-cabeças que deixam o leitor mais curioso do que elucidado", apontou, referindo que uma das poucas referências é que os nomes de família foram ordenados alfabeticamente. "Provavelmente alguém criou aquelas sepulturas pensando em todas as pessoas que nunca tiveram sepultura", sugeriu. Daniel Blaufuks sublinhou ainda que a ideia de fotografia "é muito lata e pode ser obra de arte, objecto de reportagem, instrumento de informação" e, nestas fotografias misteriosas, "cada leitor estabelecerá a sua própria relação com as imagens". O túmulo "remete ao mesmo tempo para um momento íntimo - o fim da vida - mas também tem um carácter de memória humana, são monumentos públicos", acrescentou o artista que tem trabalhado sobretudo em fotografia e vídeo, instalações, filmes e diários fac-similados. Em 2007 foi o vencedor do Prémio BES Photo, o mais importante prémio nacional da área da fotografia.