Sem azo a surpresas, CDUL e Direito voltam a discutir a final
Confirmando o favoritismo que lhes era atribuído, CDUL e Direito apuraram-se, pelo quarto ano consecutivo, para a final da Divisão de Honra e vão assim discutir entre si o título nacional que é pertença dos advogados após a vitória do ano passado (26-19).
Os triunfos desta tarde nas duas meias-finais foram esperados e justos, mas as dificuldades sentidas pelos vice-campeões nacionais diante do Técnico (22-15) não tiveram comparação com o mais distendido êxito do quinze de Monsanto sobre Cascais (35-18).
No Universitárío de Lisboa o CDUL começou por asfixiar os engenheiros e aos 8 minutos, e sem que qualquer os adversário tocasse na oval (!), fez o primeiro ensaio pelo asa Paul Kaho. O Técnico reagiu com grande alma e sob a batuta do treinador-jogador Kane Hancy esticou o seu jogo, mas aos 18 minutos nova sapatada da equipa da casa originaria um lance com várias fases concluído debaixo dos postes pelo pilar João Mussolo (14-0). E com a equipa das Olaias a perder completamente o norte, logo a seguir Carl Murray - hoje a médio de abertura, onde é um peixe fora de água, pois falta-lhe espaço para manobrar como tão bem gosta e faz - aproveitou uma bola que, depois de diversos ressaltos e fugindo a jogadores das duas equipas, escolheu cair no seu regaço e sem oposição alargava para 19-0.
Ninguém diria que um triunfo que se desenhava tão fácil iria, a partir daí, ser tão suado.
O que aconteceu foi que a equipa de Damien Steele decidiu que a vantagem em termos pontuais - e o domínio em jogo jogado - era por demais suficiente para garantir desde logo uma 5.ª presença consecutiva na final do campeonato....e travou às quatro rodas.
Pelo seu lado o Técnico sentiu que não podia sair de uma meia-final tão por baixo, arregaçou as mangas e tratou de fazer pela vida. Começou a ganhar ascendente na batalha dos avançados e só não conseguiu materializar o seu ascendente em ensaios, pois a defesa do CDUL mostrou-se intratável sempre que a oval era levada até à ponta pelas linhas atrasadas contrárias e nunca se deixou ultrapassar, com Tiago Girão, Appleton, Murray e a 3.ª linha a placarem muito... e bem.
E assim a equipa das Olaias só marcaria através dos pés de Duarte Marques para 22-6 ao intervalo penalizando faltas no solo universitárias.
A 2.ª parte seria , no entanto, totalmente dominada pelo Técnico - o CDUL não pisou a área de 22 dos visitantes e quase não passou do meio-campo nos derradeiros 25 minutos de jogo! -, que demonstrando mais vontade e querer perante um quinze aburguesado e que surgiu como que anestesiado (toda a equipa pareceu ter tomado uma caixa de Valliums nos balneários!), acampou no meio-campo contrário e desatou a criar problemas, em especial com a entrada para médio de formação de Luís Madaleno, que acelerou o jogo dos engenheiros. Mas faltava sempre qualquer coisa ao ataque do Técnico, nomeadamente alguma criatividade (e génio...) que desorganizasse a bem estruturada defesa adversária.
Nem a entrada em conjunto de 4 internacionais na avançada do CDUL melhorou o desempenho do seu pack - que continuou a ser empurrado e a fazer faltas nas mêlées - e três penalidades de Duarte Marques reduziam a diferença para 22-15.
O final do encontro foi um sufoco para a equipa da casa (que, com adeptos a roer as unhas, terminaria a jogar com 14 por amarelo a Francisco Pinto de Magalhães), pois depois de um início tão prometedor (19-0 aos 23 minutos), perder por um parcial de 15-3 na derradeira hora de jogo, não augura nada de bom para a final dentro de uma semana. Quanto ao Técnico caiu de cabeça erguida pelo 3.º ano seguido numa meia-final. E esta foi aquela em que esteve mais perto de surpreender...
Em Monsanto o Cascais, que pela 1.ª vez atingia esta fase da Divisão de Honra, marcou numa penalidade do argentino Nico Sorbi logo no minuto inaugural. Mas cedo Direito impôs a sua maior categoria e experiência - mesmo vendo sair por lesão o influente Vasco Uva logo aos 21 minutos - e com dois pontapés de Nuno Sousa Guedes virava para 6-3.
Ao minuto 27 um belo lance dos três-quartos advogados (Adérito aguentou muito bem e uma enormidade de tempo até se libertar da bola) foi concluída de forma esplêndida pelo pilar João Correia (11-3). E pouco depois, em força, Luís Portela finalizava um período de intenso domínio do quinze da casa, fazendo os 18-3. Mas em cima do intervalo Bernardo D'Eça reduziria para 18-6 no descanso.
O quinze da Linha recomeçou bem e o 2.ª linha Diego Jiménez furava para os 18-13 logo no reinício. E apesar de na jogada seguinte (!) Sousa Guedes conseguir nova penalidade (21-13), a combativa equipa de Cascais, recheada de jogadores muito experientes, ia levando a água ao seu moinho e mantinha-se dentro do jogo.
Até que aos 64 minutos e num lance de laboratório após um alinhamento, o recém-entrado João Travassos embalou de forma imparável pelo fim da touche e recompunha uma folgada almofada pontual para Direito (28-13).
Com grande atitude a equipa de João Bettencourt continuou a porfiar e João Pedro Cabaço, também num alinhamento, faria o segundo ensaio da tarde para os cascalenses (28-18).
Mas Direito sentia que só um terramoto poderia evitar uma sua 4.ª presença consecutiva na final e apesar de Sousa Guedes desperdiçar uma segunda tentativa aos postes, a derradeira palavra caberia aos homens de Martim Aguiar, quando Vasco Fragoso Mendes (que rendeu Vasco Uva) em cima do apito final, conseguiria um ensaio fabuloso - o mais bonito das meias-finais - na sequência de um alinhamento, e bem intercalado nas linhas atrasadas, recebeu a bola e literalmente ligou o turbo, disparando para a área de ensaio e carimbando a presença dos advogados no jogo decisivo onde tentarão revalidar o título nacional, que será o 11.º no seu historial. E que poderá constituir um fantástico penta, ou seja, triunfos em cinco finais sucessivas em diversas provas!