O diplomata Paulo Lourenço é o segundo chefe de gabinete do ministro da Defesa envolvido em polémica no último mês e meio, depois de o tenente-general Martins Pereira surgir diretamente ligado ao caso de Tancos..Mas se a história com o general se confirmou - sendo Azeredo Lopes o ministro da Defesa - e foi assumida pelo próprio, no caso do civil escolhido pelo ministro João Gomes Cravinho parecem existir incongruências e o próprio rejeita conhecer o que quer que seja sobre a polémica em que surgiu este domingo na manchete do Correio da Manhã..Em causa, noticiou o jornal e citando a Procuradoria-Geral da República, um inquérito do Ministério Público relacionado com "a descoberta de uma alegada conta bancária" do consulado-geral de São Paulo com cerca de três milhões de euros indevidamente contabilizados..A investigação "terá sido desencadeada" depois da descoberta de "alegadas irregularidades na concessão de Vistos Gold a cidadãos brasileiros"por parte do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF)..Uma primeira dúvida reside no facto, confirmado pelo DN junto de fontes do SEF, de que nada relacionado com a tramitação dos vistos gold passa pelos consulados e embaixadas - a quem caberá apenas informar eventuais interessados sobre o processo da sua obtenção..É o SEF, após receber um pedido de autorização de residência para atividades de investimento, quem faz toda a investigação e contacta com o requerente, precisaram as fontes desse serviço de segurança..Paulo Lourenço, que foi cônsul-geral em São Paulo entre 2012 e 2018, "desconhecia e desconhece a existência de um inquérito" relativo ao tempo em que exerceu aquelas funções, afirmou o Ministério da Defesa ao DN..Acresce, adiantou o gabinete de Gomes Cravinho, ser "falsa qualquer alegação de que existissem contas não escrituradas ou indevidamente manipuladas" durante o seu tempo à frente daquele consulado-geral, "habitualmente objeto de inspeções periódicas e ordinárias" do próprio MNE devido à "dimensão e volume de receitas" que - funcionando como Loja do Cidadão - gera pela prática de atos consulares..A PGR confirmou ao DN que "foi localizado um inquérito relacionado" com o caso, mas "não tem arguidos constituídos e está em segredo de justiça"..Segundo o Correio da Manhã, outros dois diplomatas - o atual representante permanente junto da NATO (por um caso relacionado com o seu tempo em Berlim) e o ex-embaixador na Tailândia Luís Barreira de Sousa - "são também investigados no inquérito relacionado com Paulo Lourenço"..A PGR, questionada pelo DN sobre se tal era verdade, nada respondeu..No caso do embaixador Luís Almeida Sampaio, fica por perceber se há um novo caso que o envolve ou o jornal está a referir-se ao processo relacionado com uso indevido de verbas, enquanto embaixador em Berlim, e pelo qual lhe foi aplicada uma pena disciplinar pelo MNE..Almeida Sampaio, como o DN noticiou há meses, pagou as verbas e multas em causa - o que levou o Ministério Público a arquivar o processo. Sobre isto, a PGR também não respondeu..O processo disciplinar movido pelo MNE a Almeida Sampaio, por suspeita de utilização indevida de 400 mil euros, resultou na sanção de 150 dias sem remuneração e sem poder exercer funções - a qual foi suspensa por dois anos.