Novo caso de falsa licenciatura leva a demissão de chefe de gabinete de Secretário de Estado
O chefe de gabinete do Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Nuno Félix, demitiu-se esta sexta-feira, depois de o jornal Observador avançar que o mesmo tinha declarado duas licenciaturas falsas. Segundo o jornal, o antigo secretário de Estado diz que o ministro da Educação saberia de tudo, mas Tiago Brandão Rodrigues nega a acusação.
"A referida incorreção relativa ao percurso académico de Nuno Félix só agora chega ao conhecimento do Ministro da Educação, num momento em que a mesma já estava conforme", afirma o Gabinete do ministro da Educação em comunicado.
O CDS já pediu a demissão do ministro da Educação por causa deste caso. "A confirmarem-se os factos que foram noticiados, o ministro da Educação não tem quaisquer condições para continuar no exercício do cargo", disse o deputado João Almeida. O PSD também exigiu esclarecimentos e mostrou-se preocupado com o que diz ser "mais uma fraude" nos currículos dos Governo.
Nuno Félix, de 39 anos, afirmou ser licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa e em Direito pela Universidade Autónoma de Lisboa, para efeitos do despacho de nomeação publicado em Diário da República em fevereiro, o que se veio provar ser falso. Ambas as universidades confirmaram ao Observador que o chefe de gabinete frequentou estes cursos mas não os concluiu. A Nova de Lisboa esclareceu ainda que Nuno Félix apenas esteve matriculado nesta instituição durante um ano letivo. Num segundo despacho, quatro meses depois, a informação já aparece corrigida, referindo apenas a frequência.
A demissão de Nuno Félix foi anunciada esta sexta-feira pelo próprio ministério da Educação. "O Ministro da Educação foi hoje informado da decisão do Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, que aceitou o pedido de demissão do seu Chefe do Gabinete", informou o ministério.
O anterior secretário de Estado da Juventude, João Wengorovius Meneses, revelou ao mesmo jornal que as falsas licenciaturas de Nuno Félix eram do conhecimento de Tiago Brandão Rodrigues, o ministro da Educação, e foram um dos motivos para o seu pedido de demissão em abril. Wengorovius Meneses conta que quis exonerar o chefe de gabinete, após descobrir a verdade, mas que o ministro da Educação não o permitiu.
"O ex-secretário de Estado não saiu devido a questões relacionadas com o seu Chefe do Gabinete, inclusivamente a incorreção do seu despacho de nomeação", continua o comunicado do ministério tutelado por Tiago Brandão Henriques, que acrescenta que a "constituição das equipas é da exclusiva responsabilidade de quem tem a sua tutela direta", imputando a Wengorovius Meneses a decisão de contratar Nuno Félix.
Em sua defesa, Nuno Félix afirmou que não disse que era licenciado, mas sim que tinha a frequência do ensino superior. E no novo despacho de nomeação, publicado em junho, as referências à conclusão da licenciatura foram apagadas e substituídas pela menção de frequência.
É o segundo caso similar esta semana, após o adjunto para os Assuntos Regionais do primeiro-ministro ter pedido demissão esta quarta-feira. Rui Lizardo Roque abandonou o cargo quando foi revelado que, ao contrário do que tinha dito, não concluiu a licenciatura em engenharia eletrotécnica pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.
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