SEF expulsou do país mais de 100 jogadores amadores

Tratavam-se, sobretudo, de "jovens promessas" nos escalões amadores de 60 clubes e associações desportivas da zona centro do país. 105 desses atletas, de origens africanas, foram expulsos
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Falta de visto de residência ou visto adequado à prática desportiva. Foi por estes motivos que o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) identificou 157 jovens atletas estrangeiros, na maioria de países africanos, sem condições legais para permanecerem em Portugal ou jogarem futebol nos 60 clubes e associações desportivas do centro e norte do país onde foram localizados numa grande operação que decorreu no final de 2014. As inspeções foram em clubes dos distritos de Coimbra, Aveiro, Leiria, Viseu, Guarda e Castelo Branco.

O SEF emitiu hoje um comunicado com o balanço dessa operação que levou à expulsão do território nacional de 105 dos 157 atletas identificados em situação irregular. Houve ainda três jogadores amadores estrangeiros que foram detidos e presentes à autoridade judicial, por não ser legalmente admissível, no caso deles, a notificação de abandono voluntário do país, uma vez que não tinham cumprido antes com idêntica ordem de saída de Portugal, como esclareceu o SEF. Foram ainda instaurados 25 processos de contraordenação aos clubes que tinham atletas nestas condições, cujo valor total rondará valores entre os 50.000 e os 250.000 euros.

Segundo fontes daquela polícia ouvidas pelo DN, estes jogadores eram jovens promessas, alguns menores de idade, que não entravam no país pelas vias normais em que chegam os atletas profissionais e federados. Os "olheiros" contornam as leis da imigração a pretexto de os jogadores ficarem à experiência por pouco tempo, o que por vezes se arrasta por meses e anos sem papéis, adiantou uma dessas fontes.

Os jovens jogadores detetados em situação irregular eram de países como Angola, Brasil, Guiné e Nigéria.

Há mais de cinco anos, antes do protocolo assinado entre a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e o SEF que trouxe uma legalização quase automática dos jogadores profissionais, este tipo de irregularidades acontecia também nos grandes clubes, adiantou uma das fontes do SEF.

Aliás, a FPF foi contactada pelo SEF por causa desta investigação que culminou na inspeção a 60 clubes no final do ano de 2014. Ao que o DN apurou, a Federação Portuguesa de Futebol forneceu ao SEF toda a documentação solicitada para esta investigação, mas só durante o dia de hoje teve conhecimento dos dados do processo. Segundo fonte da FPF, este caso não envolve qualquer responsabilidade daquele organismo, uma vez que para a inscrição dos jogadores amadores - no Campeonato Nacional de Seniores e no escalão de juniores - não é necessário o título de residência, nem o visto para a prática desportiva, bastando para regularizar a inscrição a apresentação do passaporte ou bilhete de identidade, bem como a licença desportiva, habitualmente designada por passe do atleta.

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