Secretas: Arquivado processo relativo à TMN
Numa deliberação, hoje publicada no seu site, a direção da CNPD considera "não se ter verificado qualquer violação da proteção dos dados pessoais do jornalista, nos tratamentos de dados da responsabilidade da TMN", e não ter sido efetuado "qualquer acesso aos dados associados ao número de telefone do jornalista Nuno Simas, no período entre julho e setembro de 2010".
A averiguação da CNPD surgiu após o caso ter sido noticiado pelo Expresso, a 27 de agosto, com o título "SIED [Serviço de Informações Estratégicas de Defesa] espiou telemóvel de jornalista do Público". Segundo o semanário, alegadamente, os dados de tráfego das comunicações telefónicas do jornalista Nuno Simas, no período entre 19 de julho a 12 de agosto de 2010, teriam sido acedidos de forma ilegal.
A averiguação permitiu à CNPD confirmar que "nenhuma das comunicações constantes dessa listagem foi realizada a partir do número de telefone da rede TMN, do qual o jornalista Nuno Simas é assinante".
Porém, sublinha o texto, "atendendo a que os prazos de conservação dos dados de tráfego não são longos (seis meses e um ano) não teria sido possível à CNPD verificar os eventuais acessos aos dados do jornalista Nuno Simas, pois o período a que se reportam os acontecimentos noticiados é superior a um ano".
No entanto, a Comissão considera que, das verificações feitas às bases de dados que contêm dados de tráfego, tais como o número chamado, a data e hora do início da comunicação e a sua duração, foi possível certificar-se que "não tinha ocorrido qualquer acesso, legítimo ou ilegítimo, aos dados de tráfego do jornalista Nuno Simas, tratados pela TMN, no período de julho a setembro de 2010".
Assim, conclui a CNPD, não houve qualquer acesso aos dados e, subsequentemente, "não houve qualquer visualização, alteração, cópia, extração ou qualquer outra operação que permitisse que dados de tráfego do jornalista estivessem na posse de terceiros".
A Comissão, refere o texto da deliberação, pôde ainda verificar que "os telefonemas e SMS listados não foram feitos a partir do número de telefone da rede TMN, de que é assinante o jornalista Nuno Simas", atualmente diretor-adjunto de Informação da agência Lusa.
A CNPD considerou "adequadas" as medidas de segurança da operadora, de modo a proteger e respeitar os direitos, liberdades e garantias dos titulares dos dados.
Concluiu também existir "um especial cuidado em restringir o acesso a dados de tráfego, limitando-se o número de utilizadores", sendo considerada uma boa prática a máscara aplicada aos últimos cinco dígitos do número chamado, o que inviabiliza o acesso à informação mais sensível constante dos dados de tráfego.
A deliberação da CNPD será entregue à Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias e ao Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa.
Entretanto, na edição do passado sábado, o Expresso noticiou que a Polícia Judiciária já tinha descoberto a "toupeira" da Optimus, outra operadora de telemóveis.
"Judiciária apanhou 'toupeira' da Optimus que espiou jornalista", escreveu o semanário, acrescentando que um funcionário da operadora no Porto "já foi constituído arguido".