Scholz "irritado" por Ucrânia rejeitar visita de presidente alemão

Chanceler alemão indicou que não tem planos de visitar a capital ucraniana tão cedo, numa altura em que se discute a entrega de armamento pesado à Ucrânia para enfrentar a ofensiva russa.
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O chanceler alemão Olaf Scholz disse esta quarta-feira (13) que estava "irritado" por a Ucrânia ter rejeitado uma proposta de visita do presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, que queria ir a Kiev com as delegações da Polónia e dos países bálticos.

A presidência ucraniana disse que quer receber Scholz em Kiev, mas o chanceler indicou que não tem planos de visitar a capital ucraniana tão cedo, numa altura em que se discute a entrega de armamento pesado à Ucrânia para enfrentar a ofensiva russa.

Questionado pela rádio pública RBB sobre quando ia seguir os passos de outros líderes da União Europeia e viajar até Kiev, Scholz esquivou-se da pergunta e enfatizou os seus telefonemas "muito regulares" com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.

O governo da Ucrânia disse que Steinmeier, um ex-ministro dos Negócios Estrangeiros que recentemente reconheceu "erros" na postura muito conciliadora em relação à Rússia no passado, "não era desejado" no país, o que foi visto como uma afronta diplomática na Alemanha.

Scholz disse estar "irritado, para ser educado", observando que Steinmeier condenou fortemente a agressão da Rússia. "Teria sido bom recebê-lo", disse à RBB.

O conselheiro do presidente ucraniano, Oleksiy Arestovych, disse esta quarta-feira à televisão pública alemã que não foi a intenção de Zelensky ofender Berlim. "Acho que o argumento principal era diferente - o nosso presidente espera o chanceler, para que ele (Scholz) possa tomar diretamente decisões, incluindo entregas de armas", afirmou à emissora ZDF.

Berlim já entregou armas defensivas à Ucrânia, mas Olaf Scholz está sob pressão há vários dias, mesmo dentro da sua maioria parlamentar, para autorizar o envio de equipamento ofensivo, em particular veículos blindados.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Economia, duas das figuras com mais peso no Governo, pediram ao chanceler que se pronuncie a favor dessas entregas.

"Cada minuto que passa sem chegar nenhum tanque, morrem mais das nossas crianças, violadas ou torturadas", afirmou Aresovitch.

As autoridades alemãs "viram as terríveis imagens" do conflito, que, segundo o assessor, lembram a destruição de Berlim em 1945: "o que o exército russo está a fazer na Ucrânia não é diferente".

Estas declarações surgem num contexto de tensão entre a Alemanha e a Ucrânia, após o Presidente Zelensky ter recusado, na terça-feira, receber o Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, que queria ir a Kiev com as delegações da Polónia e dos países bálticos.

O chefe de Estado alemão é criticado pela estratégia diplomática de reaproximação à Rússia quando foi ministro dos Negócios estrangeiros de Angela Merkel.

A Rússia de Vladimir Putin está a concentrar os seus ataques na cidade de Mariupol, um porto estratégico no mar de Azov cercado há mais de 40 dias e onde já foram contabilizadas milhares de vítimas civis.

Os presidentes da Polónia, Lituânia, Letónia e Estónia viajaram para Kiev para se encontrarem com Zelensky e "mostrar forte apoio ao povo ucraniano", com referiu o Presidente da Estónia, Alar Karis, numa mensagem publicada na rede social Twitter.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou quase dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A guerra causou a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de 4,5 milhões das quais para os países vizinhos.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

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