O PS ficou pendurado com as propostas do PSD para mexer na Lei de Bases da Saúde e voltou a virar-se para a sua esquerda parlamentar, apelando ao BE, PCP e PEV para que viabilizem o texto aprovado no grupo de trabalho e que omite as parcerias público-privadas (PPP). Essas ficarão a aguardar produção legislativa só possível depois das eleições..O texto aprovado de forma indiciária clarifica, no entanto, na sua base 5, "a responsabilidade do Estado", que mantém um "regime de exceção" para a gestão privada, com "carácter supletivo e temporário" e "em caso de necessidade fundamentada"..Os socialistas acusam os sociais-democratas de terem proposto a revisão de 22 das 28 bases do texto já aprovadas no Grupo de Trabalho, "sendo que dez seriam novas bases". "Esta posição [do PSD] contraria o que Rui Rio afirmou publicamente, ou seja, que as alterações seriam em três bases", apontou a deputada do PS Jamila Madeira, em conferência de imprensa. "Esta posição do PSD não é uma verdadeira negociação, é sim a tentativa de reabertura do debate da Lei de Bases da Saúde para deixar em vigor a atual Lei de Bases da Saúde.".Para o PS, o que vale agora é o texto que foi aprovado no grupo de trabalho. Jamila Madeira insistiu no apelo "aos partidos que não se reveem na lei atual, que incentiva as PPP, a permitirem que este Governo do PS, apoiado no Parlamento por PCP, BE e PEV, aprove uma lei que proteja o Serviço Nacional de Saúde" (SNS). E namorou um pouco mais a esquerda: "Deixar como está é a pior solução, é deixar que imposto dos portugueses continuem a ser canalizados para o setor privado da saúde.".Depois de uma semana em que os socialistas - a começar no seu líder, António Costa, e a continuar noutros dirigentes como Carlos César e Ana Catarina Mendes - criticaram de forma veemente os parceiros da geringonça, nomeadamente o BE, sobretudo por causa da intransigência bloquista nesta Lei de Bases, o PS volta-se agora de mão estendida para os partidos de esquerda. "Agora é o momento para mostrar que estão ao lado do SNS e aprovarem a Lei de Bases da Saúde", atirou Jamila Madeira..A deputada socialista notou que, ao longo da legislatura, o que sustentou os avanços da maioria parlamentar de esquerda foi "a lógica do denominador comum". "Esses avanços não significam avanços unilaterais, significam compromissos..Neste texto também temos a marca de avanços", apontando o facto de agora o texto omitir como será a gestão, uma vez que a proposta do PS, que determinava a gestão pública dos hospitais e abria a possibilidade de "ser supletiva e temporariamente assegurada por contrato de direito público, quando devidamente fundamentada", acabou chumbada no texto final do grupo de trabalho com os votos do PCP, BE, PSD e CDS..Dizendo que não está "disponível para reverter as suas posições centrais nesta matéria", referindo-se ao PSD, Jamila Madeira acaba por apontar de novo à esquerda, afirmando que os socialistas relevam "como muito positivo" o trabalho feito até aqui "no respeito pela memória e pelo legado do PS na área da saúde".