Sarkozy vira à direita e põe em debate ideologia d"Os Republicanos

Ex-presidente aposta na imigração e na identidade nacional para fazer frente à Frente Nacional de nas regionais e além
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Acusado dentro do seu próprio partido de ser responsável pelo fracasso d"Os Republicanos na primeira volta das regionais francesas, no passado domingo, Nicolas Sarkozy admitiu que "é preciso abrir um debate sobre a linha ideológica" da formação antes chamada UMP. Mas só depois da segunda volta do próximo domingo. O ex-presidente reuniu ontem o grupo parlamentar na Assembleia da República para tentar obter apoios para o que o Le Parisien definiu como uma viragem à direita - centrada na imigração e na identidade nacional - para derrotar a Frente Nacional de Marine le Pen, grande vencedora destas eleições.

"O centro de gravidade em França é a direita dura", garante um próximo de Sarkozy citado pelo Le Parisien para justificar a mais que provável remodelação na direção d"Os Republicanos. É que se tanto Alain Juppé como François Fillon, os dois principais adversários do ex-presidente nas primárias do partido, previstas para novembro de 2016, apoiaram a estratégia do líder de recusar fundir listas ou desistir a favor dos socialistas nas regiões onde estes tenham ficado em segundo e Os Republicanos em terceiro, para derrotar a Frente Nacional, vozes críticas não faltaram. A começar pelas do ex-primeiro-ministro Jean-Pierre Rafarrin e da número dois da formação, Nathalie Kosciusko-Morizet, que criticaram esta posição de "ni-ni", nem fusão nem retirada, defendendo uma frente republicana contra a extrema-direita.

A Frente Nacional, com 27,73% dos votos, ficou à frente em seis das 13 regiões de França metropolitana, seguida d"Os Republicanos, com 26,64% e quatro regiões. O PS obteve 23,12% dos votos e conquistou duas regiões. A Córsega foi para a Esquerda Diversa, grupo de candidatos independentes ou ligados a formações de esquerda de pequena dimensão.

Até o ex-ministro Eric Woerth, encarregue do programa d"Os Republicanos, admitiu na iTélé que a direita "não tem um líder oficial, legítimo, que leve as cores oficiais do conjunto do partido". Uma crítica direta a Sarkozy que, passada a segunda volta das regionais, vai entrar numa dura batalha para as primárias d"Os Republicanos contra Juppé, Fillon ou Bruno Le Maire. Uma corrida cujo vencedor poderá ter pela frente nas presidenciais de 2017 não só o adversário socialista (François Hollande?) mas também uma Marine le Pen cada vez mais reforçada pelo voto dos franceses.

Correr atrás da extrema-direita

Um dia depois de ter apelado aos eleitores de esquerda para votarem nos candidatos d"Os Republicanos em três das regiões onde a Frente Nacional venceu a primeira volta, o primeiro-ministro Manuel Valls acusou ontem Sarkozy de "correr atrás da extrema-direita". À entrada para a Assembleia Nacional, onde ia decorrer uma reunião do grupo do PS, o chefe do governo socialista lamentou a decisão do líder d"Os Republicanos de rejeitar qualquer fusão ou retirada dos seus candidatos.

"Quando se é presidente da República, quando se é líder de um partido, temos de assumir as nossas responsabilidades", sublinhou Valls. Antes de acrescentar: "Eu nunca poria a direita republicana e a extrema-direita ao mesmo nível, mas ele é que sabe. Eu sou muito claro."

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