Santana Lopes. O que não pode acontecer "é um primeiro-ministro fazer ameaças em público"
O presidente da Aliança esteve esta tarde no piquete de greve em Aveiras de Cima para falar com os motoristas e ofereceu-se para mediar o conflito entre sindicatos e a Antram. "Nós se pudermos ajudar, ajudamos. Estou habituado a conversar e posso ajudar nas negociações", afirmou Santana Lopes em conversa com os representantes do Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP).
O antigo primeiro-ministro defende que os serviços mínimos têm de ser cumpridos, mas criticou o "extremar das posições" em sequência da greve dos motoristas, que começou na segunda-feira. E aponta o dedo à postura do Governo. Afirmou que o que "não pode acontecer é um primeiro-ministro a fazer ameaças em público: a dizer que quem não cumprir é crime. Isso em vez de acalmar, incendeia".
Santana Lopes afirma que declarações de António Costa e de outros ministros a ameaçar os trabalhadores que não cumpram a requisição civil "é intolerável", embora considere que o abastecimento prioritário deva ser assegurado, nomeadamente a hospitais e aeroportos. Defende que é preciso sentar as partes à mesa das negociações "e chegar a um entendimento".
"O país está a ser prejudicado com esta greve, mas não podem existir ameaças. Têm de existir condições para que se chegue a um acordo", defendeu.
Ao lado do presidente e vice-presidente do SNMMP, Francisco São Bento e Pardal Henriques, respetivamente, questionou: "Como é que o governo pode verificar o cumprimento dos serviços mínimos se está com uma das partes?". Para o líder da Aliança devia existir uma entidade independente para averiguar que os serviços mínimos estão a ser assegurados.
Santana Lopes disse ainda que há um aproveitamento político por parte do Governo em relação à greve dos motoristas, "como aconteceu com os professores quando o primeiro-ministro ameaçou demitir-se".
De acordo com o líder da Aliança, o "primeiro-ministro tem cavalgado esta onda para tentar demonstrar que é ele que resolve todos os grandes problemas do país".