A falta de enfermeiros levou o Hospital de Santa Maria a determinar o encerramento de camas no serviço de neonatologia, limitando a capacidade 18 para 13. Trata-se de uma "solução de contingência" que é "imprescindível à minimização possível do risco para a segurança dos bebés e dos profissionais", lê-se num documento interno do maior hospital do país a que o DN teve acesso. Uma medida justificada com a "carência agravada de elementos de enfermagem"..Na nota da direção do departamento de Pediatria do Hospital de Santa Maria, é recomendado que a lotação da unidade de neonatologia seja reduzida devido "à reconhecida situação crítica do serviço de neonatologia desde há cerca de um ano"..A recomendação enviada a 4 de março foi aceite por Margarida Lucas, diretora clínica do Santa Maria: "Atendendo à escassez de elementos da equipa de enfermagem" e "face às dificuldades de contratação, não vejo que tenhamos outra alternativa ao proposto encerramento das camas". Fonte do hospital avançou ao DN que esta redução já foi concretizada, algo que não foi possível confirmar oficialmente, uma vez que o Hospital de Santa Maria não respondeu às perguntas até ao fecho desta edição..O serviço de neonatologia do maior hospital do país - e a segunda maior unidade da área da Grande Lisboa a seguir à Maternidade Alfredo da Costa - passa assim de 18 para 13 camas (oito nos cuidados intensivos e cinco nos cuidados intermédios). Esta não é primeira vez que o hospital se vê obrigado a tomar uma medida destas. Em julho de 2018, houve uma redução de 22 para 18 camas..Significa que, em apenas oito meses, a neonatologia do Hospital de Santa Maria reduz para quase metade a sua capacidade: de 22 para 13 camas. Isto num serviço que, segundo informações recolhidas pelo DN, já tem regularmente de transferir utentes para outras unidades e que recebe recém-nascidos que, a maioria das vezes, necessitam de internamentos longos..Diogo Ayres de Campos, diretor do serviço de Obstetrícia do Hospital de Santa Maria, disse ao DN que esta é uma situação que lhe causa "muita preocupação", uma vez que a redução de camas na neonatologia pode significar "a necessidade de transferência de mais mulheres com gravidez de risco" para outras unidades de saúde..De salientar que os hospitais privados só podem assistir mulheres em trabalho de parto a partir das 33 semanas de gravidez e que o número de prematuros em Portugal tem vindo a crescer todos os anos, aumentando por isso a necessidade de cuidados neonatais..A solução agora adotada pelo Hospital de Santa Maria permite um rácio de um enfermeiro para dois recém-nascidos em cuidados intensivos e de um enfermeiro para cinco recém-nascidos em cuidados intermédios, refere o documento. Números "inferiores aos preconizados neste contexto clínico de elevada complexidade e diferenciação de cuidados", sublinha a direção de pediatria do hospital..Ministra diz que vai resolver.O documento é claro quanto ao problema: não se consegue contratar enfermeiros para o serviço, uma vez que seis estão de baixa e um cessou funções em janeiro E reforça a "urgente necessidade de admissão". Estas admissões necessitam de aprovação das Finanças - ou seja, os hospitais não têm autonomia para contratar, mesmo que em substituição..Contactado pelo DN, o gabinete de Marta Temido anunciou que na próxima semana vai publicar um despacho conjunto com o secretário de Estado do Tesouro que confere à tutela "competência para autorização dos serviços e estabelecimentos a poderem celebrar contratos de trabalho para substituição dos trabalhadores temporariamente ausentes (...) por período igual ou superior a 120 dias". Tal como aconteceu no Orçamento de Estado do ano passado. O Ministério não quis falar sobre o caso específico de Santa Maria.