Sagrada Família era o alvo do ataque, disse terrorista em tribunal
Ferido na explosão na casa em Alcanar, um dia antes do ataque terrorista nas Ramblas, em Barcelona, Mohamed Houli Chemlal, de 21 anos, disse esta terça-feira em tribunal que o ataque de maiores proporções que a célula terrorista preparava tinha como alvo a Sagrada Família, em Barcelona.
A Sagrada Família é uma basílica e uma das principais atrações turísticas da cidade espanhola, visitada por milhões de pessoas todos os anos.
De acordo com o El Mundo, o jovem, residente em Ripoll, esteve uma hora e vinte minutos perante o juiz Fernando Andreu, acabando por confirmar a informação que já tinha fornecido aos Mossos d'Esquadra. Nos últimos dias, tinha sido também bastante noticiado, e posteriormente confirmado pelas autoridades, que os terroristas preparavam um ataque de maior escala.
O mesmo jornal adianta que Chemlal contou às autoridades como o grupo iria fabricar as bombas e como conseguiu os materiais para as fazer. Principalmente, o peróxido de acetona, um material conhecido como "A Mãe de Satanás". Identificou outros membros da célula que organizava os atentados.
O Ministério Público pediu prisão preventiva e sem fiança para o jovem. Já o advogado do suspeito pediu a liberdade de Mohamed Houli Chemlal, ainda que com medidas cautelares.
O La Vanguardia acrescenta que Mohamed respondeu a todas as perguntas relacionadas com as ações do grupo antes dos ataques, inclusivamente sobre as relações entre os terroristas mortos e os detidos. São acusados de estarem integrados numa organização terrorista, assassinato e posse de explosivos.
Driss Oukabir admite que alugou as carrinhas utilizadas para os ataques
Detido horas depois do atropelamento nas Ramblas, Driss Oukabir afirmou então que se dirigia às autoridades para comunicar que o seu irmão, um dos terroristas abatidos em Cambrils, lhe tinha roubado os documentos para alugar os veículos utilizados nos atentados.
O La Vanguardia afirma que Driss mudou a sua versão dos factos e que alegou agora, em tribunal, que foi ele que alugou as carrinhas, mas pensava que eram para fazer mudanças.
Foi também pedida prisão sem fiança para Driss Oukabir.
Oukabir foi também questionado sobre o papel do imã Abdelbaki Es Satty na radicalização dos jovens integrantes da célula jihadista, mas limitou-se a responder que não sabia de nada e que o imã estava sempre rodeado de jovens.
O imã, de acordo com Houli Chemlal, o primeiro a ser ouvido, ia-se imolar, sendo que, de acordo com o El País, os quatro detidos culparam o imã pelos atentados.
Vários meios de comunicação espanhóis afirmam que a Procuradoria-geral espanhola pediu prisão para os quatro suspeitos de integrarem a célula terrorista que levou a cabo os ataques na Catalunha.
Os quatro detidos pelas autoridades já foram ouvidos
Driss Oukabir, Mohammed Alla, Salh el Karib e Mohamed Houli Chemal foram detidos na sequência dos ataques nas Ramblas e em Cambrils, na quinta-feira da semana passada. Foram todos ouvidos esta terça-feira, em tribunal.
O primeiro a ser detido, pouco depois do atentado de Barcelona, na passada quinta-feira, foi Driss Oukabir, cujo nome foi utilizado para alugar a furgoneta utilizada no atropelamento nas Ramblas.
Em declarações prestadas à polícia, Driss Oukabir afirmou que o irmão Moussa, de 17 anos, lhe tinha roubado a documentação para alugar o veículo.
Moussa acabou por morrer na madrugada de sexta-feira no atentado de Cambrils, a 120 quilómetros a sul de Barcelona.
O segundo homem a ser detido, na noite de quinta-feira, foi Mohamed Houli Chemlal, 21 anos e é natural da cidade autónoma de Melilla.
Mohamed Houli Chemlal ficou ferido após a explosão do dia 16 de agosto, na casa de Alcanar (Tarragona) onde o grupo planeava os atentados há vários meses.
Na passada sexta-feira foram presos os outros dois implicados: Mohamed Aallaa, 27 anos, detido em Ripoll, irmão de Sadi Aallaa, abatido em Cambrils, e Salah El Karib, 34 anos, que gere um estabelecimento de telecomunicações (internet e telefones) e que a polícia relaciona com Driss Oukabir.
Os quatro suspeitos são membros do mesmo grupo responsável pelos atentados e que era formado, pelo menos, por 12 pessoas, cinco dos quais foram abatidos em Cambrils.
Outros dois morreram na explosão de quarta-feira na vivenda de Alcanar e o último, Younes Abouyaaqoub, alegadamente o condutor da carrinha que matou 13 pessoas nas Ramblas, foi morto pela polícia na segunda-feira a 50 quilómetros de Barcelona.
Um juiz da Audiência Nacional deve determinar a acusação sobre o envolvimento dos indivíduos nos atentados da semana passada e que fizeram 15 mortos e mais de uma centena de feridos em Barcelona e na estação balnear de Cambrils, a 120 quilómetros a sul da capital da Catalunha.
No ataque de Barcelona morreram duas cidadãs portuguesas.
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