Russos envolvidos em plano para tirar Julian Assange de Londres
Esteve em curso no ano passado um plano para retirar Julian Assange, fundador do WikiLeaks, da embaixada do Equador em Londres, onde encontrou asilo em 2012, mas acabou por ser abandonado por ser demasiado perigoso. O objetivo era transportar Assange num veículo diplomático e conseguir com que o australiano, que também tem cidadania equatoriana, conseguisse deixar o Reino Unido.
De acordo com o Guardian , que revela a história, diplomatas russos terão estado no centro da operação, e tiveram várias reuniões secretas em Londres com pessoas próxima de Julian Assange. O destino principal seria mesmo a Rússia, onde não existiria o perigo de extradição para os EUA.
Marcada para a véspera de Natal de 2017, antes de ser cancelada, a operação envolveria também que o Equador conseguisse um estatuto diplomático para Assange, o que acabou por não acontecer.
Uma das figuras-chave em toda o plano, e também ponto de contacto com Moscovo, seria Fidel Narváez, figura próxima de Assange e consûl equatoriano em Londres até há pouco tempo. Ao Guardian, o diplomata negou quaisquer contactos com a Rússia e a existência de um plano. Confirmou ainda ter visitado a embaixada russa duas vezes este ano, mas apenas como resultado da crise entre russos e britânicos devido ao caso Skripal. Narváez teve um papel na tentativa de garantir a segurança de Edward Snowden, quando o antigo analista da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) divulgou material secreto em 2013. Deu-lhe, na altura, a possibilidad de se deslocar de Hong Kong para a Rússia, onde ainda está. O então cônsul emitiu o documento sem conhecimento do governo equatoriano.
Várias fontes afirmaram também ao jornal britânico que o Kremlin estaria disposto a apoiar a operação, oferenco inclusivamente a hipótese de permitir a viagem e a estadia de Assange em solo russo. Caso não fosse possível, outra hipótese era transportar o fundador da WikiLeaks para o Equador, de barco.
Enquanto a embaixada equatoriana não comentou a situação, a representação russa em Londres disse que se trata de "mais um exemplo de desinformação e notícias falsas (fake news) dos media britânicos".
A situação volta a alimentar suspeitas sobre uma possível relação entre Assange e a Rússia, na medida em que, segundo o procurador especial Robert Mueller, que investiga uma possível ingerência russa nas eleições norte-americanas, foi o WikiLeaks que divulgou mais de 50 mil documentos roubados por espiões russos. Assange, no entanto, sempre negou ter recebido e-mails da Rússia.
Tendo em conta uma história publicada recentemente pela Associated Press, esta não é a primeira vez que existe a hipótese de Assange se refugiar na Rússia. Julian Assange escreveu, em 2010, uma carta em que garantias poderes de advogado ao "amigo" Israel Shamir de modo a garantir um visto.