"Penso que os confrontos [turco-sírios] não são do interesse de ninguém, e sobretudo que seriam inaceitáveis. E é por isso, bem entendido, que não permitiremos que [a situação] chegue a esse ponto", declarou Alexandre Lavrentiev em Abu Dhabi, que hoje recebe a vista do Presidente russo Vladimir Putin, citado pela agência noticiosa estatal russa TASS..Lavrentiev também negou as informações que referem que Moscovo forneceu "luz verde" à operação da Turquia na Síria, e insistiu que a Rússia "sempre considerou inaceitável qualquer operação militar na Síria" e que, pelo contrário, "sempre exortou a Turquia à contenção"..O enviado russo também confirmou que na semana passada decorreram conversações entre líderes curdos e representantes do Governo sírio numa base militar russa, mas garantiu não estar ao corrente dos resultados..No entanto, reconheceu que a situação no norte da Síria "poderá realmente comprometer a paz interconfessional nestas regiões habitadas não apenas por curdos, mas também por árabes e sunitas"..Em Moscovo, o ministério da Defesa russo indicou por sua vez que as forças de Bashar al Assad assumiram o controlo da totalidade da cidade síria de Minbej e arredores, no âmbito de uma operação militar destinada a contrariar a ofensiva turca. A ofensiva turca tem como objetivo afastar do nordeste da Síria, incluindo Minbej e arredores, as forças curdas da Unidade de Proteção Popular (YPG), principal unidade das Forças Democráticas da Síria, que são aliadas do Ocidente contra o autoproclamado Estado Islâmico, mas que a Turquia considera que sejam aliadas do Partido dos Trabalhadores do Curdistão, classificado como terrorista pela Turquia.."As forças governamentais sírias controlam totalmente a cidade de Minbej e as localidades vizinhas", precisa o comunicado, acrescentando que a polícia militar russa "está a efetuar patrulhas nas fronteiras noroeste da região, ao longo da linha de contacto" entre as forças sírias e turcas..A chegada das forças governamentais sírias a Minbej, controlado desde 2018 por um conselho militar integrado por combatentes árabes e curdos, não se verificava desde 2012. A cidade está situada a 30 quilómetros da fronteira turca..A principal milícia curda da Síria revelou hoje ter perdido 23 combatentes que tentavam travar o avanço turco. As Forças Democráticas Sírias (FDS) disseram que estas baixas ocorreram nas últimas 24 horas em confrontos ao longo da fronteira norte da Síria..O comunicado do grupo indica que as mortes foram registadas em diversos pontos de conflito, incluindo Ras al-Ayn, onde 11 combatentes das FDS forma mortos, e sete em Tal Abyad. As FDS registaram ainda 39 feridos nas suas fileiras..No domingo, o grupo disse que pelo menos 45 dos seus membros foram mortos desde o início da invasão do norte da Síria pela Turquia, que agora completa o sétimo dia..Os conflitos acentuaram-se depois de o presidente norte-americano Donald Trump ter retirado as tropas em apoio às forças curdas, o que fragilizou os curdos e incentivou a ofensiva da Turquia na Síria. Entretanto Trump já ameaçou a Turquia com sanções caso não proceda ao fim dos conflitos e retirada das tropas da Síria.