Rússia avança em Donbass com perdas "colossais"

Moscovo confirmou ataque a Kiev durante a visita de Guterres. UE estará à beira de um embargo ao petróleo russo.
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A Rússia admitiu esta sexta-feira ter bombardeado Kiev durante a visita do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a classificar o ataque como uma tentativa de "humilhar" a ONU e tudo o que ela representa. A Ucrânia reconheceu estar a sofrer pesadas perdas no ataque russo no leste do país, mas garantiu que as perdas da Rússia são "colossais". O Pentágono alega contudo que a operação de Moscovo na região de Donbass está atrasada.

Sobre o bombardeamento a Kiev na quinta-feira à noite, o Ministério da Defesa russo disse que "duas armas aéreas de alta-precisão e longo alcance" destruíram os edifícios de produção de mísseis Artyom e da empresa espacial. Contudo, o ataque atingiu também um edifício residencial ao lado da fábrica, matando uma jornalista ucraniana. Vera Gyrych era produtora da Radio Free Europe/Radio Liberty, financiada pelos EUA, e o míssil atingiu a sua casa. Segundo o presidente da câmara de Kiev, Vitali Klitschko, outras quatro pessoas ficaram feridas.

"Imediatamente após o final das nossas negociações em Kiev, os mísseis russos voaram pela cidade. Cinco mísseis", disse Zelensky num vídeo publicado no Facebook. "Isto diz muito sobre os esforços da liderança russa de humilhar as Nações Unidas e tudo o que esta organização representa", acrescentou. Guterres, segundo o seu porta-voz, não viu um sinal de desrespeito por si "mas pelo povo de Kiev". No Twitter, o secretário-geral disse ter ficado "emocionado com a resiliência e a bravura" dos ucranianos e que não vai desistir deles. "A ONU vai redobrar os seus esforços para salvar vidas e reduzir o sofrimento humano. Nesta guerra, como em todas as guerras, os civis pagam sempre o preço mais elevado", escreveu.

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O ataque a Kiev, mais de dez dias depois do último bombardeamento na capital ucraniana, surge numa altura em que os russos estão a intensificar os ataques no leste do país, numa tentativa de conquistar todo o Donbass. Mas, segundo o Pentágono, o plano não está a correr tão rápido como previsto e os russos estão atrasados na sua operação graças à resistência das tropas ucranianas e à cautela para evitar os erros cometidos na tentativa de captura de Kiev.

"Acreditamos que, essencialmente, o que estão a fazer é continuar a criar as condições para uma ofensiva sustentável e maior e mais longa", disse um responsável aos media. Isso passa por lançar ataques aéreos contra as posições ucranianas antes de tentar avançar no terreno. Segundo o gabinete de Zelensky, a Rússia está a atacar toda a linha da frente na região de Donetsk com rockets, artilharia, morteiros para impedir que os ucranianos se reagrupem.

A União Europeia terá chegado a acordo para um embargo faseado ao petróleo russo, depois da luz verde da Alemanha. Segundo o The New York Times, o plano passa por travar primeiro as importações do petróleo que chega em petroleiros e só depois o que entra via oleodutos (deixando os contratos existentes chegarem ao fim) e poderá ser aprovado já na próxima quarta-feira pelos embaixadores dos Estados-membros.

A abertura para avançar com o embargo surgiu depois de o ministro da Energia da Alemanha, Robert Habeck, revelar que o seu país tinha conseguido cortar para apenas 12% as importações de petróleo russo e que um embargo total seria "gerível". Na altura da invasão da Ucrânia, Berlim importava um terço do seu petróleo da Rússia. "O problema que parecia muito grande para a Alemanha há apenas umas semanas, tornou-se muito mais pequeno", disse Habeck na terça-feira.

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