Rússia admite que apoio ocidental à Ucrânia prolongou ofensiva mas insiste que cumprirá os objetivos

Porta-voz do Kremlin admite que entrega de armas e partilha de informação de EUA, Reino Unido e Nato com as Forças Armadas ucranianas não "permitem acabar rapidamente a operação".
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A Rússia admitiu esta quinta-feira que o apoio ocidental a Kiev prolonga a sua ofensiva na Ucrânia, mas insistiu que isto não impedirá o país de cumprir os seus objetivos, num momento em que circulam informações contraditórias sobre a retirada dos civis refugiados no último reduto da resistência ucraniana em Mariupol.

"Estados Unidos, Reino Unido e NATO partilham permanentemente em conjunto informações com as Forças Armadas ucranianas. Juntando isso às entregas de armas, estas ações não permitem acabar rapidamente a operação", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmirti Peskov, em reação a uma informação publicada na quarta-feira pelo jornal New York Times.

De acordo com o NYT, que cita fontes anónimas dos serviços de inteligência americanos, as informações fornecidas pelos Estados Unidos ao exército ucraniano permitiram localizar vários generais russos perto da linha de frente.

As ações ocidentais "não têm capacidade para impedir" o cumprimento dos objetivos da ofensiva russa na Ucrânia, insistiu o porta-voz do Kremlin, após 10 semanas de uma guerra que já provocou milhares de mortos e a fuga de mais de cinco milhões de ucranianos do país.

Atualmente, a Rússia só consegue reivindicar o controlo total de uma grande cidade ucraniana, Kherson, no sul. Mas espera que, após dois meses de cerco e bombardeamentos, consiga tomar o porto estratégico de Mariupol.

Nesta cidade, cercada e devastada pelos bombardeamentos há várias semanas e praticamente sob controlo da Rússia, os combatentes ucranianos e civis estão entrincheirados nas passagens subterrâneas do imenso complexo siderúrgico de Azovstal.

Peskov afirmou que os corredores humanitários "estão a funcionar" para retirar os civis que permanecem nas instalações - quase 200, segundo o autarca da cidade, Vadim Boishenko - e que o exército russo respeita o cessar-fogo anunciado na quarta-feira e que deve durar três dias consecutivos.

Do lado ucraniano, as informações são diferentes, com denúncias de violações das promessas de cessar-fogo por parte da Rússia. "Os russos violaram a promessa de cessar-fogo e não permitem a retirada dos civis que continuam refugiados com os combatentes na parte subterrânea do complexo industrial", afirmou Sviatoslav Palamar, subcomandante do batalhão Azov, num vídeo publicado no Telegram.

"Os ocupantes russos atuam para bloquear e tentar aniquilar as unidades ucranianas na área de Azovstal", indica um comunicado divulgado poucas horas antes pelo exército ucraniano.

De acordo com as Forças Armadas ucranianas, as tropas russas "retomaram a ofensiva com o apoio de aviões para assumir o controlo da fábrica".

Denis Prokopenko, comandante do batalhão Azov, que comanda a defesa do local, afirmou num vídeo que as forças russas conseguiram entrar no complexo industrial e citou "combates violentos e sangrentos".

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