Rio rejeita coligação pré-eleitoral com CDS e Aliança. Cristas pronta para ser primeira-ministra
Rui Rio afirmou que não faz "sentido algum" Santana Lopes sair do PSD e depois querer fazer uma coligação com o partido. "Para isso não saia", sublinhou o presidente social-democrata, à margem da primeira edição da Academia Política Calvão da Silva, em Coimbra.
A ideia de uma coligação entre os partidos de centro-direita foi lançada por Santana Lopes mesmo antes do congresso fundador do partido que agora lidera, Santana reforçou o apelo a essa hipótese em recente entrevista ao semanário Sol. "A Aliança não tem receio de disputar sozinha as eleições legislativas, mas sem uma coligação pré-eleitoral é muito difícil vencer a frente de esquerda. Essa é a reflexão que devemos fazer", disse.
Pedro Santana Lopes expressou a vontade de o entendimento PSD, CDS e Aliança ser antes das eleições. Mas, disse, "apresentei uma proposta para uma coligação depois das legislativas".
A resposta do líder do PSD foi claríssima na rejeição do entendimento pré-eleitoral.
Apesar de ter visto chumbada a moção de censura ao governo esta semana, a líder do CDS manifesta-se pronta para governar o país e também para fazer acordos com os sociais-democratas. Numa entrevista ao jornal espanhol La Voz de Galicia, Assunção Cristas afirma que se ganhar as próximas eleições legislativas de 6 de outubro, as suas prioridades passam por melhorar as condições na saúde, educação e as dos trabalhadores da administração pública.
"O povo é soberano e muito inteligente. Vamos esperar e ver o que acontece nas urnas. Estou preparada para ser primeira-ministra e também para fazer acordos com o PSD, como aconteceu no passado, embora nunca - insisto - com António Costa, que, aliás, continua a cair nas sondagens", disse, sem nunca falar da Aliança.
A líder centrista tem, no entanto, insistindo na ideia de que o CDS tem trabalhado para uma maioria de 116 deputado do centro-direita, capaz de fazer frente à frente de esquerda. O que abre a porta a um entendimento com a partido de Santana Lopes, se tiver expressão eleitoral capaz de ajudar a gerar uma alternativa.
Afastadas as coligações, Rui Rio aproveitou a passagem pela Academia Calvão da Silva para atacar o governo. O primeiro-ministro, António Costa, "diz que está aberto" a dialogar com os enfermeiros e "prepara-se para dar tudo e mais alguma coisa, digamos assim, tentando contentar os enfermeiros, e o ministro das Finanças [Mário Centeno], na mesma altura, em paralelo, diz que não há dinheiro para nada", afirmou . "Se não há dinheiro para nada, o discurso do primeiro-ministro não encaixa", sublinha.
Ou António Costa e Mário Centeno "não estão coordenados", e "cada um diz a sua coisa, ou, então, se estão coordenados, se calhar ainda é pior porque estão a dizer coisas diferentes", sustenta Rui Rio.
"O facto de haver disponibilidade para dialogar" é "altamente positivo, porque se não houver diálogo não saímos disto", não se ultrapassa o conflito, mas "o Governo não pode ter duas palavras, digamos assim, perfeitamente contraditórias", salienta o líder social-democrata, que não tem, por isso, "grandes expectativas" sobre a resolução do problema.
"Tanto quanto estou a perceber", António Costa "ainda não cedeu" aos enfermeiros, ele "diz que vai ceder", mas "depois há um ministro das Finanças que diz que 'não senhor', que não há dinheiro e como não há dinheiro não pode" satisfazer as reivindicações dos enfermeiros e de outros profissionais em greve.
Para Rui Rio, "a questão de fundo é que o Governo criou na sociedade portuguesa, e em parte continua" a criar a ideia de que "a economia está excelente, que nós estamos no país das maravilhas, que temos mais empregos, melhores salários, mais crescimento" e, "naturalmente, as pessoas e as classes profissionais que viram os seus salários esmagados durante anos" entendem que, "se está tudo bem, chegou a hora de repor alguma justiça".
No discurso do Governo "há uma contradição enorme, que leva a criar expectativas, que depois obriga o ministro das Finanças a dizer que não é possível", insiste Rui Rio.
O Governo deveria olhar para a economia no seu todo e "em razão do que é mais justo e é mais equilibrado", ver o que é que "a economia permite, quer no imediato, quer no futuro", conclui o presidente do PSD.