Rui Rio recusa desastre eleitoral e abre a porta a pactos de regime
O líder do PSD garante que o partido "deu um passo em frente para reconquistar a confiança dos portugueses". Rui Rio frisa que o resultado obtido pelo partido é "semelhante ao de 2015".
Rui Rio não quis desvendar se tenciona recandidatar-se à liderança do partido no próximo congresso do PSD. "Não faça um título a dizer o tabu de Rui Rio", atirou para um jornalista. Garante que vai "ponderar serenamente". Mas o tom que imprimiu ao discurso na noite eleitoral, muito aplaudido numa sala cheia do hotel de Lisboa, faz adivinhar que dificilmente deitará a toalha ao chão.
O líder social-democrata deixou ainda a porta aberta a um entendimento com o novo governo. "O PS ganhou, vai ter de tomar a iniciativa. O PSD vai fazer a análise da envolvente política e em coerência com o nosso programa decidirá", disse.
O líder social-democrata defendeu que o país precisa de um conjunto de reformas estruturais. "Eu estou disponível para colaborar e até convencer os outros, seguramente com o PS, mas também com todos os outros."
Sob fortes aplausos, numa sala com mais de cem cadeiras e vários militantes de pé, Rio faz uma espécie de radiografia ao que o PSD passou para chegar até estas eleições, em que deverá ficar nos 28% (os resultados ainda estão a ser apurados). Ladeado pela sua direção e pelos cabeças-de-lista de Porto, Lisboa e Coimbra, Rio lembra o que atrapalhou interna e externamente o partido.
Externamente, a conjuntura económica favorável que pôs o país a crescer sem que o governo socialista tenha feito muito por isso. O nascimento de pequenos partidos, como o Aliança, o Iniciativa Liberal e o Chega também causaram estrago eleitoral ao PSD, disse, estimando 2% de votos perdidos.
Dois fatores a somar às repetidas sondagens que davam o PSD em estado de letargia, nos 20%: "Ouvi hoje os comentadores a dizer que foi um desastre. Não foi desastre nenhum!"