Jerónimo. Rui Rio deveria cuidar de tratar "dos eleitos do PSD"

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, afirmou hoje que o líder do PSD, Rui Rio, "deveria cuidar de tratar" dos "eleitos do PSD" para que estes deem resposta às populações dos seus concelhos
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"Quando ouvimos o PSD zurzir na medida [da redução nos tarifários dos passes de transporte] a pretexto da discriminação territorial, o que percebemos é o incómodo que sente por esta medida que, no fundamental, se dirige e beneficia particularmente os trabalhadores e as suas famílias", afirmou Jerónimo de Sousa.

"Quando é para todo o país pagar os desmandos da banca, aí ninguém ouve Rui Rio a protestar que são os contribuintes do interior a pagar", apontou o secretário-geral comunista, que falava no encerramento do debate "Transportes públicos mais baratos, mais e melhor mobilidade nas áreas metropolitanas e no país", que decorreu este sábado em Lisboa.

"A medida é para todo o país. Está nas mãos dos municípios - aliás, curiosamente por força de uma lei do PSD/CDS - darem uma contribuição para responder a esse objetivo", sublinhou. Nesse sentido, "Rui Rio deveria cuidar de tratar dos seus eleitos" para que deem resposta "ao que as populações desses concelhos têm direito". Recorde-se que, a 19 de março último, o presidente do PSD, Rui Rio, questionou a justeza dos passes sociais mais baratos nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto, quando o "grosso do país" é "completamente abandonado nesta matéria".

Jerónimo de Sousa sublinhou que se trata de "uma medida de enorme alcance e significado", uma vez que "incorpora a afirmação do direito ao uso do transporte público", devolvendo às pessoas o direito e liberdade de circulação, não apenas limitado ao utilitário transporte casa/trabalho ou casa/escola.

"Representa um ganho efetivo nos rendimentos de centenas de milhar de famílias" e pode "contribuir também do ponto de vista ambiental para responder a problemas decorrentes do uso intensivo de transporte individual", prosseguiu.

"Importa lembrar que esta medida é inseparável da intervenção determinada do PCP ao longo de mais de duas décadas que, também com a ação e luta dos utentes, se bateu pelo alargamento e valorização do passe", defendeu ainda Jerónimo de Sousa. "Não temos de nos pôr em bicos dos pés para poder afirmar que este é daqueles avanços inseparáveis da nossa intervenção, inseparável da nova fase da vida política nacional que, com a nossa iniciativa, abrimos e tornámos possível. Inseparável da continuada intervenção política e institucional que, pelo menos desde 1997, desenvolvemos", salientou.

Ainda na intervenção, o secretário-geral do PCP acusou o Regime Jurídico de Serviço Público de Transporte de Passageiros "que o governo PSD/CDS impôs em 2015" de ser "um empecilho para a concretização de uma verdadeira política na área dos transportes", dado tratar-se de "um regime" que "visa favorecer a liberalização do setor e a desresponsabilização do Estado".

Jerónimo de Sousa defendeu que a redução tarifária que entrará em vigor na próxima segunda-feira tem de ser acompanhada por um "aumento de oferta" de transportes públicos. O que "exige respostas imediatas e a médio prazo, em qualquer caso a requerer investimento público e decisões rápidas", o que inclui lançamento de concursos para a aquisição de comboios, composições de metro e embarcações fluviais.

"Esta medida deve ter o alcance de todo o território nacional, garantindo condições semelhantes em todas as outras regiões às que estão já instituídas em Lisboa e no Porto, e não esquecendo as questões inter-regionais. Ou seja, preço máximo de 30 a 40 euros para títulos no interior de uma comunidade intermunicipal ou no concelho respetivamente", salientou.

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