Os juízes Rui Rangel e Fátima Galante regressam amanhã, sexta-feira, ao Supremo Tribunal de Justiça, para conhecerem as medidas de coação. Os dois juízes decidiram remeter-se ao silêncio em tribunal, depois de serem convocados para serem ouvidos no âmbito da Operação Lex pelo juiz Pires da Graça..Rui Rangel e Fátima Galante recusaram-se a ser interrogados no Supremo Tribunal de Justiça, alegando que precisam de mais tempo para consultar o processo da Operação Lex em que são ambos arguidos..João Nabais, advogado de Rui Rangel, afirmou aos jornalistas que o Ministério Público (MP) vai apresentar a sua posição em relação a esta questão na sexta-feira, às 10:00, depois de os dois arguidos não terem falado no primeiro interrogatório judicial.."Não houve declarações, o MP pediu para apresentar a sua posição amanhã [sexta-feira]. Vamos tomar conhecimento das medidas de coação propostas, mas também vamos ver se temos condições para responder amanhã", disse João Nabais..O advogado adiantou que "não havia condições" para que Rui Rangel e Fátima Galante "se pronunciarem sobre uma matéria que era vastíssima", tendo em conta que o juiz conselheiro, que funciona no Supremo Tribunal de Justiça (STJ) como juiz de instrução criminal, entendeu não dar "qualquer prazo para a defesa consultar os elementos que sustentam a indiciação"..João Nabais referiu que o juiz conselheiro faz uma interpretação da lei, considerando que "não ficam prejudicados os direitos dos arguidos se não houver necessariamente acesso aos documentos", bastando apenas a comunicação dos elementos..O advogado explicou que foi feita a comunicação sobre os elementos que suportavam a indiciação, mas a defesa só teve uma hora para consultar mais de 20 dossiers, num total de 155 páginas, no qual estão escutas, documentos bancários e relatos de diligência externa..João Nabais considerou que "não bastava" apenas consultar a indicação, porque esta remete para uma série de documentos, nomeadamente 10 ou 15 páginas com quadros de transferências e depósitos bancárias de dez anos.."Aquilo que se entendeu é que, não havendo possibilidade de consultar esses elementos, não havia condições para prestar declarações", disse, afirmando que os arguidos não conheciam o processo, chegaram ao interrogatório no STJ "em branco" e "não é habitual dar um 'tijolo' deste tamanho" e ter apenas uma hora para o consultar..O advogado disse ainda que "não é problema" não ter hoje falado no interrogatório no STJ, uma vez que durante o inquérito o arguido pode prestar declarações, bastando apenas requerê-lo..A esse respeito, João Nabais admitiu que o venha a fazer, tendo em conta que quer "tempo para consultar toda essa documentação"..Em declarações anteriores aos jornalistas, João Nabais tinha afirmado que as defesas de Fátima Galante e de Rui Rangel estão concertadas..Rui Rangel e Fátima Galante chegaram hoje ao STJ antes das 10:00..Os dois juízes desembargadores no Tribunal da Relação de Lisboa estão indiciados por corrupção/recebimento indevido de vantagens, branqueamento, tráfico de influência e fraude fiscal..Além de Rui Rangel e de Fátima Galante, a 'Operação Lex' tem pelo menos outros dez arguidos, entre os quais o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, o vice-presidente do clube Fernando Tavares e o ex-presidente da Federação Portuguesa de Futebol João Rodrigues..Cinco dos arguidos que se encontravam detidos já foram ouvidos no Supremo Tribunal de Justiça, tendo saído todos em liberdade, e um deles pagou uma caução de 25.000 euros..Na operação, desencadeada a 30 de janeiro, foram realizadas 33 buscas, das quais 20 domiciliárias, nomeadamente ao Sport Lisboa e Benfica, às casas de Luís Filipe Vieira e dos dois juízes e a três escritórios de advogados.