Rúben Dias e Rolando numa lista com 70% de eleitos para o Mundial
Uma estreia aguardada (Rúben Divas) e um regresso (Rolando) à seleção nacional quatro anos depois são as principais notas de destaque da convocatória de Fernando Santos para os particulares com o Egito (dia 23) e Holanda (26), ambos na Suíça, numa lista em que não constam três jogadores que habitualmente integram as escolhas de Fernando Santos: Nélson Semedo, Danilo Pereira e Pepe, lesionados.
Rúben Dias, 20 anos, viu premiada a boa época ao serviço do Benfica - "é um sentimento de felicidade, mas também de muita responsabilidade -, onde ganhou a titularidade no eixo da defesa, leva 23 jogos realizados (2061 minutos) em todas as competições e quatro golos marcados. "Está a jogar com regularidade e pareceu-me importante observá-lo. É preciso conhecê-los pessoalmente, para ter uma definição clara quando for para o Mundial. Não chega jogar bem ou não. Pode jogar bem na sua equipa, mas na seleção tem de adaptar-se a um treinador, a uma filosofia e a um modelo de jogo, e nada melhor do que ter contacto com ele. A qualidade também interessa. Sem qualidade não", justificou Santos.
O selecionador, contudo, rejeitou que a chamada do central do Benfica esteja relacionada com o rejuvenescimento do eixo defensivo, onde Rolando (32 anos) está de regresso quatro anos depois (foi em março de 2014, num particular diante dos Camarões) para se juntar a José Fonte (34) e Bruno Alves (36): "Velhos são os trapos. Não tenho cá jogadores velhos. Eu não me sinto, com 63 anos, quanto mais alguém com 34 ou 35. O Ricardo Carvalho esteve no Europeu e foi influentíssimo na conquista do título com 37 anos. Isso não entra nos meus critérios de avaliação."
Outra nota na lista de 25 convocados é a presença de jogadores que nesta época acumulam poucos minutos nos clubes, casos de Adrien (Leicester), André Silva (AC Milan) e Raphaël Guerreiro (Borussia Dortmund). Santos não esconde que é uma situação que o desagrada. "Interessa-me ver como estão, para preparar melhor o Mundial e fazer um balanço. Gostava que jogassem 90 minutos em todos os jogos, mas isso não tem sido possível. Veremos", analisou.
O selecionador abordou ainda a chamada de André Gomes, jogador do Barcelona que nesta semana reconheceu numa entrevista estar a atravessar um mau momento em termos psicológicos devido às constantes críticas de que tem sido alvo por parte dos adeptos e da imprensa catalã. "O ambiente aqui é diferente devido à relação que existe entre jogadores, treinadores e staff. O jogador chega aqui e muda de agulha. Vai ser uma oportunidade para saber o estado psicológico e anímico", reconheceu Santos.
Dúvidas para o Mundial
A menos de três meses do início do Mundial, o selecionador admitiu que tem algumas dúvidas para eleger o lote de 23 jogadores que vão ser convocados. "Há vários que não estão aqui e podiam estar. Não há qualquer critério fechado, mas diria que 70% da convocatória final está aqui. Há vários jogadores que estiveram na convocatória de novembro [Ricardo Pereira, Rony Lopes e Gonçalo Paciência] e que não estão nesta, mas podem estar na fase final. Se juntarmos as duas convocatórias, a de novembro e a de agora, estaremos muito perto da lista definitiva", afirmou, admitindo que "a convocatória de março de 2016, para o Europeu, era mais próxima da final do que esta".
Por isso, estes dois particulares - Egito e Holanda - irão servir para tirar mais dúvidas. "Quero ver o ritmo dos jogadores, ver como estão. Depois, quando for para preparar o Mundial, eu e a equipa técnica vamos encontrar um balanço entre os que têm mais ritmo e os que têm menos. Gostava que jogassem todos sempre 90 minutos, mas isso não é fácil", concluiu.