RTP já denunciou contrato por carta
O presidente executivo da Euronews, Michael Peters, sugeriu ontem na Assembleia da República que o futuro do canal europeu em língua portuguesa, entre outras alternativas, poderia passar pela inclusão na Televisão Digital Terrestre (TDT).
"É preciso encontrar soluções", lembrou o responsável aos deputados, garantindo que, caso não exista financiamento, "os cerca de 30 a 40 jornalistas portugueses vão ter de regressar ao mercado de trabalho a partir de julho, agosto. É um número significativo de pessoas, o que é terrível".
Uma revelação feita depois de Peters ter anunciado ao Parlamento que a estação com sede na cidade francesa de Lyon recebera em dezembro, por parte da RTP, uma carta a denunciar todos os vínculos com a Euronews a partir de 31 de Janeiro de 2013.
Da parte da RTP, fonte oficial justifica ao DN que não há comentários a fazer, pelo menos enquanto o presidente do Conselho de Administração, Guilherme Costa, estiver na visita oficial a Angola.
Michael Peters é claro e refere que a estação pública vincou, na sua missiva, que "desiste da secção em língua portuguesa" - área que conta com 17 jornalistas efetivos e 15 em regime de freelancer -, como "comunica a saída voluntária do capital".
"O que poderia ter mais interesse para Portugal era a emissão da Euronews na TDT", antecipa Peters. Enumera, por isso, as razões. Primeiro, "por haver poucos operadores no mercado"; num segundo plano porque "se aos operadores privados mais antigos dizem que o mercado publicitário está a decrescer, com a privatização da RTP2 a Euronews pode ser esse canal na TDT sem ser aberto à publicidade", evoca Peters, sendo necessário, para tal, que os custos de dois milhões anuais se mantivessem, acrescidos de custos técnicos de um milhão e meio de euros.
Numa manhã em que a rentabilidade do canal RTP Internacional foi focada, o responsável lembrou que a comparticipação dos "operadores do cabo mediante obrigação de serviço público", poderia ter lugar, ainda que considere "não ser justa". Michael Peters declarou ter já "recebido algum feedback no sentido de Angola poder estar interessada" em ser parceira. A viabilização do financiamento através de "fundações" foi outra das sugestões deixadas para que a Euronews em português não se cala para sempre.