"Ronaldo já trabalhou o suficiente para vencer um Europeu"
Ver um francês a torcer pelas seleções de Portugal e Inglaterra no Campeonato da Europa de 2016 é algo de estranho. Ver um ex-internacional gaulês fazê-lo é quase insólito, até porque o torneio se realizará em solo francês. Mas haverá pelo menos um e que dispensa apresentações: Eric Cantona.
O enfant terrible do futebol gaulês, que se destacou ao serviço do Manchester United, entre outros clubes, estará a torcer no Euro 2016 por Cristiano Ronaldo, Wayne Rooney e companhia. Por Inglaterra, devido aos anos em que ali jogou; e por Portugal, porque de momento passa grande parte do ano na capital portuguesa, onde até já tem casa.
"França? Não, neste momento não ligo ao futebol francês. Sinto--me um inglês no que ao futebol diz respeito e também estarei a torcer por Portugal durante o Campeonato da Europa. Todos sabem o carinho que tenho pelos ingleses, mas também os portugueses me dizem muito. Sinto-me um privilegiado por ter sido aceite por outras nações", referiu Eric Cantona durante um evento de solidariedade relacionado com os refugiados europeus, numa unidade hoteleira de Oeiras, salientando que Cristiano Ronaldo merece vencer o Campeonato da Europa.
[citacao:É bom para o futebol que não vençam sempre os mesmos, os mais experientes. Por isso, Boa sorte a Portugal e a Inglaterra]
"Já trabalhou o suficiente para poder vencer um Europeu pela sua seleção. É um jogador fantástico e Portugal tem vantagem por poder contar com ele nesta competição. Venceu praticamente tudo pelos clubes onde jogou, felizmente também o fez no meu Manchester United. Agora falta-lhe um título pela sua seleção. E isso também pode ser favorável para Portugal, pois terá um jogador como Cristiano Ronaldo a querer fazer tudo por mais um título, um título diferente de todos os que já ganhou", afirmou o antigo internacional francês, atualmente com 50 anos e desligado do futebol.
Ainda assim, o bad boy, outra das alcunhas que ganhou em Inglaterra, aponta outras seleções como favoritas a vencer. "Equipas como a Alemanha, Espanha ou mesmo Itália são mais experientes do que Portugal e também já ganharam mais vezes do que a Inglaterra. A experiência é muito importante neste tipo de competições, por isso estes vencem mais vezes, mas também é verdade que pode acontecer precisamente o contrário. Eu espero que sim, até porque para o futebol é bom que não vençam sempre os mesmos. Por isso, boa sorte a Portugal e Inglaterra", referiu o francês, que recentemente, numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, revelou a sua paixão por Lisboa: "Aqui sinto-me vivo."
Cantona, de 50 anos, comprou casa em Portugal no ano passado, segundo apurou o DN devido à atividade profissional da sua mulher, Rachida Brakni, uma atriz francesa que está a rodar um filme no nosso país. O mundo do espetáculo, aliás, também está presente na atual vida profissional do ex-futebolista.
"Estamos a gravar um filme e poderei fazer outro para o mercado asiático. É um mundo novo e diferente, mas que também me entusiasma. Mais do que o futebol? O futebol é diferente, se me convidassem para treinar o Manchester United, o meu clube, nem hesitava, mas o cinema é também outra paixão", referiu o francês.
Laudrup e o caso da Dinamarca
Também Brian Laudrup, antigo internacional dinamarquês que representou o Bayern Munique, Milan, entre outros,, acredita numa boa campanha de Portugal no próximo Campeonato da Europa.
"São torneios curtos e tudo pode resolver-se num ou dois jogos. Depende também da sorte, mas sobretudo dos jogadores, e Portugal tem um grupo muito forte. É obrigatório destacar Cristiano Ronaldo, mas também ele sabe que conta com outros grandes jogadores ao seu lado, como Pepe, João Moutinho ou Nani. Há outras seleções também muito fortes, mas Portugal estará também na luta. No último Europeu só perdeu nas meias-finais com a Espanha, que acabou por conquistar o título. Agora não será muito diferente, ou seja, têm equipa para ir muito longe", disse.
Laudrup deu o exemplo da seleção da Dinamarca, que venceu o Europeu em 1982, depois de repescada para substituir a Jugoslávia, afastada pela UEFA. "Alguns de nós já estavam em férias e chegámos ao Europeu como uma equipa que ninguém levava a sério, não acreditavam que podíamos vencer. Isso, por vezes, é bom porque retira pressão. Portugal pode não estar entre os favoritos, os mais experientes, mas tem valor para vencer", salientou.