O caso de José Silvano veio reforçar a convicção na direção do PSD de que há uma estratégia de ataque interno a Rui Rio. E há já quem defenda que são precisos mais meios na comunicação do partido para evitar que os casos negativos se prolonguem no tempo e desgastem a liderança. A "preocupação" é assumida por pessoas próximas do líder..Dirigentes sociais-democratas ouvidos pelo DN admitem que o PSD demora muito tempo a reagir às polémicas que têm envolvido figuras do partido, como é o caso do secretário-geral José Silvano. Dizem ainda que a "mensagem de Rui Rio" tem chegado "muitas vezes distorcida" à opinião pública. O que se agrava, sublinham, porque "os opositores internos sabem muito melhor lidar com a comunicação social". Daí que defendam um reforço de meios para uma comunicação mais eficaz e capaz de lidar com os desafios de um ano eleitoral.."Os ataques dos opositores internos vão intensificar-se porque há quem ainda não tenha desistido de um congresso antecipado", afirma um dos dirigentes. A aproximação das eleições legislativas e a escolha para as listas de candidatos à Assembleia da República - em que muitos perceberam cedo que o líder social-democrata não contará com eles - vão acentuar este processo. Apesar disso, há quem garanta: "Se pensam que nos abatem, não abatem. Somos um osso duro de roer.".A Comissão Permanente do PSD reuniu-se ontem e deve ter discutido esta questão, à qual o líder se tem mostrado avesso. Até agora Rio continua a depositar toda a confiança e a responsabilidade pela comunicação numa única assessora. "Rio tem a teoria de que o que interessa é o que ele diz e que a verdade vem sempre ao de cima. Mas a prática tem mostrado que não é bem assim. Há coisas que mesmo desmentidas já produziram um efeito negativo na imagem do líder e até do partido", afirma outra fonte social-democrata. Pelo que defende que "é preciso uma frente mais reforçada de comunicação", porque "é difícil a uma só assessora conseguir dar vazão a tudo o que é preciso"..E dá como exemplo as recentes declarações atribuídas ao líder social-democrata sobre as falsas presenças do secretário-geral do partido no plenário, numa reunião na terça-feira com militantes em Viseu. "Eu não deixo cair os amigos", foi uma frase que lhe foi atribuída por fontes do encontro, citadas pela agência Lusa e que foram replicadas por todos os media e partilhadas muitas vezes nas redes sociais. O PSD viu-se obrigado a vir desmentir que Rio tenha dito aquelas palavras: "Quem maldosamente divulgou esta mentira perversa visa dar a entender que, no exercício de funções públicas, o líder do PSD não respeita regras éticas quando possam estar em causa pessoas de relacionamento muito próximo", neste caso o secretário-geral, José Silvano"..Rui Rio também veio correr atrás do prejuízo na quarta-feira. Afirmou que na vida pública, "em muitas situações", é preciso deixar cair os amigos, mas considerou que "é uma canalhice" aproveitar-se "da fragilidade de outros para se alcandorar a si próprio".."Eu tenho uma vida política e pessoal e distingo muito bem isso. Eu não deixo cair os amigos na minha vida privada. Na minha vida pública, infelizmente, em muitas situações, temos de deixar cair os amigos se eles não se portarem como deve ser, jamais poderia ter dito uma coisa dessas", afirmou, acrescentando que o interesse público tem de estar acima das relações pessoais..O presidente do PSD lamentou que tenha sido transmitida dessa reunião "uma mentira" sobre algo que não disse e, questionado se afirmou em Viseu que "seria um canalha se deixasse cair José Silvano" por este caso em concreto, respondeu de forma mais abrangente..Na semana passada, em plena polémica do caso José Silvano, foi notória a preocupação da direção em enquadrar o caso no processo de um "ataque" concertado à direção de Rio. Os vice-presidentes sociais-democratas, entre os quais David Justino, que também é presidente do Conselho Estratégico Nacional, e Salvador Malheiros saíram a terreiro na comunicação social a defender o secretário-geral do partido, mas sobretudo a imagem do líder do PSD.