Rio sob fogo desvaloriza críticas

O líder do PSD chegou ao Conselho Nacional, que decorreu esta quarta-feira à noite nas Caldas da Rainha, a dizer que não tem medo das críticas internas. Mas ouviu várias pelos ataques que fez aos adversários no partido e pelos processos judiciais aos candidatos autárquicos do PSD. Hugo Soares foi dos mais duros. Rio desvalorizou.
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Rui Rio enfrentou durante a noite um coro de críticas, no Conselho Nacional do PSD, que decorreu nas Caldas da Rainha. Segundos fontes do CN, de um total de dez conselheiros inscritos para falar, sete levantaram a voz para censurar o modo de atuação do presidente do partido, O mais duro foi o ex-líder parlamentar Hugo Soares. Mas Rio continuou a desvalorizar os ataques à sua liderança.

A histórica militante do PSD Virgínia Estorninho abriu as hostilidades e criticou as recentes declarações de Rui Rio, que convidou a sair do partido os que "estruturalmente" discordam das suas ideias. Estorninho acusou Rio de querer ser "um general sem tropas". E lembrou o apoio dado a Rui Moreira, nas eleições autárquicas de 2013, contra o candidato do PSD.

Sobre os processos que a direção nacional está a pôr a candidatos autárquicos do partido - o primeiro já formalizado contra o candidato na Covilhã, Marco Batista, e agora um segundo em andamento contra Ângelo Pereira, candidato em Oeiras, segundo o Observador - por excederem os limites financeiros das suas campanhas, Virgínia Estorninho questionou a equipa de Rio, sobre os que se sentam a seu lado "e não cumpriram as regras financeiras".

Os casos a que a histórica militante se referia é aos que foram noticiados, em que as campanhas excederam o orçamentado, como aconteceu no Porto (com Álvaro Almeida), na Guarda (com Álvaro Amaro), em Ovar (com Salvador Malheiro), em Guimarães (com André Coelho Lima). Só que a direção do PSD já explicou que houve autorização prévia da sede nacional para esses gastos ou os candidatos assumiram o pagamento das dívidas, ao contrário do que acontece com os de Covilhã e o de Oeiras.

As mesmas fontes disseram ao DN, que o antigo líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, a quem Rui Rio não quis confiar a liderança da bancada nesta nova fase do partido, fez o ataque mais contundente, dizendo que não aceita "lições de militância de ninguém". Também terá criticado o apoio dado a Rui Moreira e a legitimidade da direção para agora colocar processos aos candidatos autárquicos do partido. Mas Rio foi taxativo: "Aqueles que gastaram acima do valor autorizado vão ter problemas com a justiça".

Hugo Soares, que é próximo de Luís Montenegro, divergiu ainda de Rio, segundo as mesmas fontes, no apoio que o líder do PSD deu à proposta do Bloco de Esquerda sobre a chamada "taxa Robles"- uma taxa contra a especulação imobiliária - porque, mais do que ser do BE, "é má para os portugueses", quanto mais não seja, defendeu porque é criadora de mais um imposto.

Em resposta, Rui Rio frisou que apesar de terem "opiniões divergentes", é preciso "avaliar a temática e discutirmos a mesma equação". Isto no dia em que anunciou que o PSD vai apresentar uma proposta para travar a especulação imobiliária em sede de discussão do Orçamento de Estado 2019.

Rui Rio não fez, aliás, uma intervenção de fundo como é hábito nos Conselhos Nacionais, limitou-se a responder às críticas que lhe foram feitas.

Apesar do ambiente tenso, o presidente do Conselho Nacional; Paulo Mota Pinto saudou, no final da reunião, o debate e a rejeitou a ideia de um partido dividido. "O PSD é um partido plural, houve intervenções mais críticas, outras de alerta, outras de defesa, outras que manifestaram agrado por essas intervenções terem tido lugar no Conselho Nacional. Mal estaríamos se fosse só fora", afirmou.

O Conselho Nacional adiou ainda para novembro a discussão e votação das propostas de alteração dos estatutos apresentadas em congresso e Rio anunciou a criação de uma comissão para a revisão estatutária."mais profunda". Na reunião do órgão máximo entre congressos, foi ainda apresentado o documento do Conselho Nacional Estratégico para a saúde, que aconteceu já após a meia-noite e com a sala mais vazia.

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