Rio faz levantamento do património do PSD
Rui Rio está a arrumar as contas e quer saber qual o património do PSD. E mandou fazer um levantamento sobre os imóveis que o partido têm a nível nacional e nas regiões autónomas e onde aloja todas as estruturas, entre as quais 19 distritais e dezenas de concelhias.
As últimas notícias sobre a vontade do líder do PSD de cortar a eito para diminuir o passivo do partido - até com processos a candidatos autárquicos que gastaram mais do que deviam - suscitaram apreensão nalgumas estruturas ouvidas pelo DN sobre as intenções da direção ao fazer este levantamento de património.
Mas o secretário-geral adjunto social-democrata, Hugo Carneiro, o homem-forte de Rui Rio para as contas do partido, diz ao DN que "o PSD encontra-se a tomar conhecimento do património que tem, o seu estado de conservação, num ato normal de gestão interna". E garante que "não tem em vista com esta ação qualquer medida de alienação do seu património".
Fontes do PSD justificaram esta medida com a necessidade de consolidar os dados dos ativos do partido para contrabalançar com valor do passivo, que recentemente o também secretário-geral ajunto do PSD, Bruno Coimbra, relembrou que é de 14 milhões de euros. O prejuízo do PSD agravou-se 38% em 2017, para 2,48 milhões de euros, face a 2016, penalizado pelo impacto negativo de três milhões de euros das eleições autárquicas.
Em 2014, o PSD declarou à Entidade das Contas e Financiamentos Políticos (ECFP), no Tribunal Constitucional, um património de 5,9 milhões de euros em edifícios, outras construções e terrenos.
O facto de há dez anos o então presidente do PSD Luís Filipe Menezes ter tentado vender a sede nacional, a moradia da Rua de São Caetano à Lapa, numa das zonas mais nobres da cidade, faz ainda tocar muitas campainhas no partido quando está em causa o património.
Em 2008, Menezes, que tinha como secretário-geral José Ribau Esteves (agora presidente da Câmara de Aveiro), tomou a decisão de vender a sede nacional do partido situada no bairro lisboeta da Lapa e comprar uma nova sede em Lisboa. Várias vozes no PSD levantaram-se contra esta decisão, mas a venda esteve mesmo por um fio.
Só que antigo presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia acabou por se demitir da liderança, em abril de 2008, e o compromisso muito adiantado que tinha com um comprador ficou suspenso. A venda foi dada por cancelada pela direção de Manuela Ferreira Leite. Na altura, foi o novo secretário-geral do PSD Luís Marques Guedes que comunicou às partes que estavam a negociar com o partido que a operação de venda ficava sem efeito.