Rui Rio culpa PS por "salários dos mais baixos da Europa" e diz querer aumento geral
O presidente do PSD acusou esta sexta-feira o PS de colocar Portugal com "salários dos mais baixos da Europa" e disse querer aumentar não só o salário mínimo mas os salários em geral com um modelo económico diferente.
"Nós queremos aumentar o salário mínimo nacional e aumentar os outros salários também, porque aquilo que o PS fez foi pôr Portugal na cauda da Europa no que concerne aos salários dos portugueses. É uma vergonha, ao fim de tantos anos de governação predominantemente do PS, Portugal ser dos países que tem dos salários mais baixos da Europa", declarou Rui Rio, num palco junto ao arco da Rua Augusta, em Lisboa.
No discurso de encerramento da campanha para as eleições legislativas de Lisboa, o presidente do PSD acrescentou: "É isso que nós queremos alterar, é isso que nós queremos mudar, com um modelo de economia diferente, que garanta que temos mais riqueza para distribuir e que pagamos melhores salários".
Rui Rio voltou a queixar-se de que o PS passou a campanha a "a atacar os outros e a difamar os outros" procurando convencer os eleitores de que PSD é contra o aumento do salário mínimo nacional e quer privatizar a Segurança Social, "para incutir o medo nas pessoas e para fazer prevalecer a mentira". "Merecem perder", repetiu.
Sobre a Segurança Social, o presidente do PSD afirmou: "Fui eu o primeiro a dizer nesta campanha eleitoral que é inadmissível que as pensões de reforma das pessoas estejam na bolsa, porque as pensões de reforma das pessoas são sagradas, não é para pôr na bolsa, nem para cortar, nem para fazer política com uma coisa séria".
Os antigos presidentes do PSD Pedro Santana Lopes, que já não é militante, e Manuela Ferreira Leite, e Assunção Esteves, antiga presidente da Assembleia da República, estiveram ao lado de Rui Rio na descida do Chiado, em Lisboa.
Também os vices de Pedro Passos Coelho Jorge Moreira da Silva e Teresa Leal Coelho, e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, marcaram presença na participada e confusa arruada, bem como o cabeça de lista Ricardo Baptista Leite e dirigentes como Paulo Mota Pinto, David Justino ou Salvador Malheiro.
A surpresa da tarde foi o aparecimento, a meio do percurso que durou menos de meia hora, de Pedro Santana Lopes, atual presidente da Câmara da Figueira da Foz, e que deixou o PSD em 2018.
"Isto com certeza que é um apoio ao dr. Rui Rio e a este projeto de mudança, a militância é secundária, o que interessa é Portugal", afirmou Santana Lopes, escusando-se a responder se este apoio iria significar um regresso ao seu antigo partido.
"Isso é outra questão", disse.
Questionado se acredita na vitória, respondeu: "É evidente que sim, mas eu venho porque as sondagens dão um bocadinho atrás, quando há vitória garantida não é preciso".
Já Rui Rio viu na presença do antigo primeiro-ministro do PSD um sinal que "mostra a amplitude ainda maior dos apoios", deixando para Pedro Santana Lopes a resposta à pergunta sobre um eventual regresso.
O cordão humano formado em torno das principais figuras do PSD, do qual a comunicação social ia sendo empurrada para fora, era de tal forma apertado que Manuela Ferreira Leite foi tentando não cair e Assunção Esteves optou mesmo por sair desta 'bolha' mais próxima de Rui Rio.
Moreira da Silva, que chegou a ponderar uma candidatura à liderança do PSD alternativa à de Rio, considerou "fundamental para o país" que o atual presidente social-democrata seja "primeiro-ministro e o PSD vença no domingo".
"Estou aqui para apoiar Rui Rio e o PSD, o dr. Rui Rio oferece as melhores condições para o país avançar", defendeu.
O eurodeputado Paulo Rangel encerrou a campanha dos sociais-democratas com uma arruada em Vila Nova de Gaia, defendeu que "só o voto no PSD" pode trazer mudança e tirar o país "do impasse em que caiu".
"Se os portugueses querem realmente a mudança e sair do impasse em que o país caiu, só há um voto que pode fazer isso com toda a certeza e esse voto é no PSD", afirmou Paulo Rangel.
O eurodeputado, que encerrou a campanha social-democrata com uma arruada nas principais artérias de Vila Nova de Gaia, reforçou que a "única forma de derrotar o PS é votar no PSD".
"Não se trata de diminuir outras forças políticas que também querem a mudança, mas não há dúvida que só há um voto que pode provocar essa mudança e esse voto é o voto do PSD", notou.
Na arruada, que teve como ponto de encontro e partida dos sociais-democratas a Câmara de Gaia, Paulo Rangel foi distribuindo canetas, bandeiras, panfletos e sacos, e apelando ao voto.
Acompanhado da cabeça de lista do PSD pelo círculo do Porto, Sofia Matos, e mais de três dezenas de militantes, Rangel disse terminar a campanha para as eleições legislativas, que decorrem domingo, com "grande confiança".
"Sinto uma grande confiança e hoje vejo uma grande recetividade das pessoas. Acho que não se via há muito tempo e há aqui uma dinâmica de vitória, uma dinâmica de confiança para o dia 30 de janeiro", acrescentou.
Questionado sobre o repto lançado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para que fosse encontrada uma solução ao centro, Rangel salientou que "esse sempre foi o traço distintivo de Rui Rio".
"A proposta que o PSD fez nesta campanha foi sempre uma proposta ao centro, portanto, o PSD não quer uma proposta que não seja essa", acrescentou.
Rui Rio defendeu esta sexta-feira que para os profissionais portugueses terem melhores empregos e salários é preciso fazer "exatamente o contrário" do que tem sido feito nos últimos anos e apoiar quem cria os empregos.
"Nós temos de fazer exatamente o contrário daquilo que tem sido feito, ou seja, se nós queremos ter melhores empregos para as pessoas e melhores salários temos de começar por começar a dirigir os apoios de uma forma equilibrada e lícita (...) às unidades produtivas, para quem cria esses empregos que nós queremos melhorar, que são as empresas", declarou.
Rui Rio discursava no final de um almoço com a Confederação de Turismo de Portugal, num hotel em Lisboa, onde ouviu queixas sobres os pesados custos fiscais para as empresas do setor e para que a estagnação que tem sofrido nos últimos anos, agravada pela pandemia de covid-19.
"Como é que eu não posso ser aliado das empresas quando o que eu quero é que as empresas cheguem ao meu objetivo, que é ter melhores empregos e uma sociedade a viver melhor?", questionou, perante uma sala com dezenas de empresários e agentes do turismo.
Segundo Rui Rio, a carga fiscal em 1995, "quando o PS iniciou este ciclo de muitos anos a governar", representava 29% do PIB [Produto Interno Bruto] e hoje representa cerca de 36.5%", no entanto, os serviços públicos não melhoraram "na mesma escala com que subiram os impostos" que os portugueses pagam "para que sejam efetivamente melhores".
Sublinhando que a dívida pública nessa altura era de 60% do PIB e que agora é cerca do dobro, o presidente do PSD insistiu em que este não é o modelo certo para o desenvolvimento do país , seja para criar melhores empregos e salários ou criar mais qualidade de vida.
"Não podemos fazer isto ao longo dos anos", resumiu, acrescentando ter "muito respeito" pelos funcionários públicos, setor que conheceu de perto durante os 12 anos em que foi presidente da Câmara do Porto, afirmando que tanto os melhores como os piores profissionais que já encontrou na sua vida foi na Função Pública.
"O melhor que eu vi foi na Função pública. E o pior que eu vi foi na Função Pública. Gente que não ganha nem mais um tostão e é de uma dedicação e de um conhecimento absolutamente notável", concluiu.