Em prisão domiciliária em Budapeste, na Hungria, desde que foi detido a 16 de janeiro, o português Rui Pinto está indiciado pelo Ministério Público português de "tentativa de extorsão agravada", "roubo de dados "," acesso ilegítimo" a informação e "violação de segredos", na sequência de uma queixa apresentada pelo fundo de investimentos Doyen Sports, um dos primeiros alvos da atuação do Football Leaks, o site criado em 2015 para publicar ficheiros secretos do futebol..As autoridades portuguesas pediram a extradição de Rui Pinto, que terá agora de ser avaliada pela justiça húngara, mas o jovem de Vila Nova de Gaia vai ganhando apoios públicos em sua defesa..Esta sexta-feira, a organização internacional não governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que trabalha em prol da defesa da liberdade de imprensa, lançou um apelo às autoridades húngaras para rejeitarem esse pedido de extradição e outro às autoridades portuguesas, para que deixem cair todos os processos contra Rui Pinto..A RSF lembra que Rui Pinto é um informador que contribuiu para expor vários escândalos de corrupção e más práticas do mundo do futebol nos últimos anos, através dos documentos que forneceu ao consórcio europeu de investigação colaborativa EIC, que engloba vários jornais europeus.."Essas revelações, de interesse público e de uma magnitude sem precedentes, permitiram que vários países abrissem investigações por fraudes fiscais agravadas", lembra a organização..A RSF frisa ainda o facto de Rui Pinto estar a colaborar com as autoridades francesas e suíças em investigações sobre o mundo do futebol, o que "pode ser posto em causa com uma extradição".."Rui Pinto está na origem das revelações feitas pela rede de media da EIC. Esta informação, de extrema importância, é claramente de interesse público. É essencial que ele esteja protegido e possa continuar a colaborar com o sistema de justiça. Por isso, pedimos à Hungria que rejeite o pedido de extradição e que Portugal cesse todos os processos contra ele. Também pedimos às autoridades francesas e suíças que lhe deem todo o apoio", justificam os Repórteres Sem Fronteiras.