Renato Seabra abandona sala do tribunal
O pedido de Renato Seabra foi transmitido pelo advogado de defesa David Touger ao juiz Daniel Fitzgerald, a meio do quarto dia de audição de William Barr, psicólogo chamado pela acusação de Renato Seabra, que rejeita a tese da defesa de que o jovem não teve consciência dos seus atos no crime de 07 de janeiro de 2011, devido a perturbações mentais.
David Touger pediu que Renato Seabra fosse para a cela no tribunal para descansar, voltando mais tarde caso estivesse em condições de seguir os procedimentos com atenção.
No final, David Touger disse aos jornalistas que a sonolência evidenciada pelo réu durante a sessão de hoje se deve à medicação a que está sujeito.
Sem os jurados presentes na sala, o juiz Daniel Fitzgerald acatou o pedido, mas sublinhou que prefere que o réu assista ao julgamento.
"É desejo de todos nós que esteja aqui, se puder", sublinhou o juiz.
A ausência é preferível, adiantou, sentindo-se o réu incapaz de autocontrolo perante os jurados e testemunha, nomeadamente falar alto ou ter comportamentos ostensivos.
Através de uma tradutora, Renato Seabra confirmou ter entendido e estar de acordo com o pedido do advogado.
Antes de abandonar a sala, já algemado, Renato Seabra virou-se para trás e olhou por alguns instantes para a mãe, que assiste aos procedimentos na audiência e onde estava também uma irmã e uma prima da vítima.
Terça-feira, na primeira sessão depois de uma interrupção de duas semanas, Fitzgerald ameaçou expulsar Renato Seabra da sala, caso volte a falar alto durante o julgamento, na presença dos jurados.
Confrontado pelo juiz, Renato Seabra começou por rir-se por breves instantes, parando imediatamente depois de avisado pelo juiz para se conter, pois não havia "nenhum motivo para rir".
O incidente terá ocorrido no final da última sessão, mas nem a defesa nem a procuradoria quiseram esclarecer o assunto.
Escudando-se em relatórios de médicos que avaliaram o jovem em três unidades psiquiátricas, a defesa afirma que na altura do crime, o jovem "estava em pensamento delirante, num episódio maníaco e desordem bipolar com características psicóticas graves" e, como tal, não deve ser considerado culpado.
Aponta ainda para a natureza brutal das agressões, incluindo mutilações genitais da vítima, como prova de que Seabra estava sob efeito de uma psicose, tal como o facto de ter relatado a dois psicólogos ter obedecido a "vozes" dentro da sua cabeça, nomeadamente durante a mutilação.
Diretor de neuropsicologia na New York University, William Barr não dá credibilidade a este relato e defende que o jovem teve consciência dos seus atos, mentiu e tem estado a "improvisar" a história à medida que o tempo passa.
O juiz Fitzgerald foi protagonista também na sessão de hoje de uma violenta discussão com a procuradora, Maxine Rosenthal.
Depois de o psicólogo contratado pela acusação ter corrigido informação dada na terça-feira sobre o historial de casos em que trabalhou para a procuradoria, a defesa exigiu hoje acesso aos três relatórios de que diz ser autor, sustentando a falta de responsabilidade criminal dos réus.
O juiz deu instruções para que a informação fosse transmitida à defesa, omitindo o nome das pessoas em causa para proteger a sua identidade, mas a procuradora alegou "desigualdade de critérios" em relação a pedidos anteriores seus.
Numa intensa discussão, o juiz reivindicou a autoridade sobre os procedimentos e deu ordens ao escrivão para ignorar as palavras da procuradora sempre que o interromper.