O ministro da Solidariedade, Damien Abad, acusado de violências sexuais sai do Governo, no âmbito da remodelação do executivo francês, que vai contar com novas caras na Saúde e no Ambiente e uma nova organização, segundo os media locais..Na quarta-feira, a primeira-ministra, Elisabeth Borne, vai ter a sua prova de fogo na Assembleia Nacional ao apresentar o programa do Governo..Damien Abad, antigo líder da direita na Assembleia Nacional e até agora ministro da Solidariedade, tinha-se mantido em funções mesmo após ter sido acusado por duas mulheres de abusos sexuais, no entanto, não resistiu à remodelação governamental levada a cabo devido às derrotas de alguns colegas nas eleições legislativas..Apesar de Abad ter ganhado no seu círculo eleitoral, outras mulheres também o acusaram de violação, levando à saída do ministro, o que era pedido há semanas pelas associações de direitos das mulheres em França. Já a médica ginecologista Chrysoula Zacharopoulou, secretária de Estado da Francofonia, acusada entretanto de violências sexuais no quadro da sua profissão, permanece em funções..Esta remodelação governamental não seguiu o protocolo normal e foi conhecida esta segunda-feira de manhã quase na íntegra nos meios de comunicação franceses, após quase duas semanas de espera já que esta era a única opção para a primeira-ministra que perdeu três ministras nas legislativas..A confirmação de muitos dos nomes que circulavam nos jornais franceses veio mais tarde através de um comunicado oficial do Palácio do Eliseu..Assim, na Saúde o novo ministro é François Braun, que até agora liderava uma missão governamental para resolver os problemas das urgências hospitalares. Entram ainda para o Governo Christophe Béchu, que assume a pasta do Ambiente, e Franck Riester, o novo ministro das Relações com o parlamento..Olivier Véran, antigo ministro da Saúde e que tinha sido nomeado em maio como ministro das Relações com o Parlamento, torna-se agora porta-voz do Governo, um posto estratégico numa altura em que não há ainda uma solução estável de governação após o partido do Presidente ter perdido a maioria absoluta..A atual porta-voz, Olivia Gregoire, vai reforçar o ministério da Economia, como ministra delegada do Comércio..Os ministros fortes do Governo, Gérald Darmanin na Administração Interna, e Bruno Le Maire, à frente da Economia e Finanças, mantém as suas posições. Darmanin reforça mesmo as suas competências, já que estará também à frente dos territórios ultramarinos franceses, apesar de também estar a ser acusado de violências sexuais e estar a ser investigado..No comunicado que confirmou esta remodelação, é sublinhada a paridade deste Executivo com 21 ministros homens e 21 ministras mulheres. Os novos ministros vão tomar posse ainda esta segunda-feira e reunir-se em Conselho de Ministros já esta segunda-feira à tarde..Desconhece-se se Elisabeth Borne, ao apresentar o programa do Governo na quarta-feira na Assembleia Nacional, vai ou não pedir um voto de confiança aos deputados. Caso não o faça, a esquerda já disse que vai votar uma moção de censura, com a extrema-direita a hesitar em juntar os seus votos a esta contestação governamental.