Reino Unido pede nova abordagem. UE desapontada com "falta de ambição"

Terminou esta sexta-feira, sem acordo, a terceira ronda de negociações entre Reino Unido e União Europeia sobre a relação futura depois de 31 de dezembro.
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O Reino Unido lamentou esta sexta-feira a falta de progresso nas suas negociações com a União Europeia (UE) para um acordo pós-Brexit, pedindo a Bruxelas uma "mudança de abordagem". Já a UE mostrou-se "desapontada" com a "falta de ambição" dos britânicos.

"Lamento que tenha sido feito muito pouco progresso para chegar a um acordo sobre as questões pendentes mais importantes", afirmou o negociador-chefe britânico, David Frost, em comunicado. Mesmo assim, disse acreditar que "um acordo" poderá ser alcançado até o final do período de transição, no fim de 2020.

"Quero ser transparente e sincero: estou desapontado com a falta de ambição do lado do Reino Unido em algumas áreas", declarou o negociador-chefe da UE, Michel Barnier, falando em videoconferência de imprensa, a partir de Bruxelas. Barnier lamentou ainda que esta tenha sido uma "ronda de visões divergentes, sem qualquer progresso" em áreas como a da governança.

Pescas é ponto de desacordo

As duas equipas negociadoras concluíram esta sexta-feira a terceira ronda de negociações, as duas últimas das quais por videoconferência devido às restrições de viagem durante a pandemia covid-19.

Os dois lados permanecem em desacordo numa série de questões como as pesca e o papel dos tribunais na resolução de disputas futuras.

"É difícil perceber por que é que a UE insiste numa abordagem ideológica que torna mais difícil chegar a um acordo benéfico para ambos", afirmou Frost.

"A nossa discussão desta semana permitiu clarificar alguns assuntos importantes como o comércio de bens, os transportes e a participação do Reino Unido em futuros programas da UE e também permitiu alguns avanços na área das pescas", reconheceu Barnier, apontando porém que, nesta última área, as posições comunitária e britânica ainda se mantêm "extremamente divergentes".

Mas além destas áreas, "não houve progressos nos outros assuntos", disse o negociador-chefe da UE, criticando que "o Reino Unido ainda não tenha entrado num verdadeiro diálogo sobre condições equilibradas" de acesso aos mercados. E avisou: "Não vamos abdicar dos valores da UE em prol da economia britânica."

Última ronda a 1 de junho

O Reino Unido abandonou oficialmente o bloco de 27 países em 31 de janeiro, mas permanece dentro do espaço económico e regulatório da UE até o final do ano, durante o chamado período de transição.

O acordo de saída entre o Reino Unido e a UE permite que o prazo seja prorrogado por dois anos, mas o governo de Boris Johnson não quer o prolongamento para além de 31 de dezembro.

Resta apenas mais uma ronda, com início a 1 de junho, antes de as duas partes fazerem um balanço, tendo Londres admitido no seu plano abandonar as negociações se não tiver sido feito suficiente progresso.

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