Rappers da rixa no aeroporto em tribunal

Booba, Kaaris e respetivos grupos, envolvidos numa briga no aeroporto de Orly que originou o encerramento temporário do terminal, são ouvidos em tribunal. Respondem pelos crimes de violência agravada e furto. Há três queixas contra os <em>rappers</em>.
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Onze pessoas, entre Booba, Kaaris e respetivas equipas passaram uma segunda noite numa prisão da polícia junto ao aeroporto de Orly, antes de seguirem para tribunal.

O Ministério Público de Créteil indicou que os detidos vão ser julgados por violência agravada e também furto, para alguns dos arguidos. Tinham sido detidos 14 suspeitos. Dois deles tinham sido libertados na quinta-feira de manhã.

Se condenados, os músicos arriscam uma pena de até sete anos de prisão.

Foi no terminal 1 do aeroporto de Orly que os músicos rivais se encontraram por acaso. Ambos seguiam para Barcelona, mas o voo foi trocado por uma batalha campal de vários minutos.

A rixa, além do pânico causado aos outros passageiros, obrigou ao encerramento temporário do terminal e levou ao atraso de sete voos.

Três entidades apresentaram queixa às autoridades: Aeroportos de Paris, a loja duty-free e a Air France. A primeira por desordem pública, danos financeiros calculados em 8500 euros e de imagem, e por terem posto em risco a vida de outras pessoas.

Já o gerente do ponto de venda vandalizado, apresentou uma queixa por degradação, violência em grupo e roubo. Queixa-se de prejuízos de 54 mil euros. A companhia aérea francesa apenas adiantou que a queixa se deve ao "impacto causado nas operações".

Ministro foge ao tema

Questionado sobre o incidente no aeroporto parisiense, o ministro do Interior, Gérard Collomb, deu uma resposta vaga. "Se dois rappers podem evitar confrontarem-se e por fim causarem atrasos no aeroporto tanto mellhor."

Acusações mútuas

Os rappers, através dos respetivos advogados, apontaram o dedo um ao outro quanto à origem da violência. Para o advogado de Kaaris, Arash Derambarsh, o músico "deu golpes, mas em legítima defesa", porque foi agredido em primeira instância por várias pessoas.

Versão oposta do advogado de Booba, Yann Le Bras: "A iniciativa foi obviamente do lado do grupo de Kaaris, as imagens mostram-no. A tese de emboscada não tem fundamento e será desmentida por todos."

Booba, um histórico de confrontos

Booba, de nome verdadeiro, Élie Yaffa, tem um passado repleto de polémicas com outros rappers, algo que faz parte da cultura do rap.
Kaaris (Okou Gnakouri) e Booba foram amigos, mas o primeiro afastou-se em 2015 devido, precisamente, aos clashes que o segundo mantinha com outros músicos.

Os clashes, espécie de cantiga ao desafio, são críticas mais ou menos violentas nas letras das canções. Por vezes acabam de forma amistosa, outras de forma agressiva.

Booba, radicado há dez anos em Miami, começou as provocações com Sinik, em 2007, e houve um pinguepongue de canções.

O seguinte foi Rohff e teve consequências mais graves. Em 2014, Booba desafia Rohff: "Encontra-me em Paname [nome em calão dado aos subúrbios de Paris]." Rohff e outros três só encontraram um empregado de uma loja de roupa criada por Booba, Ünkut.
O empregado ficou gravemente ferido.
Rohff foi identificado através das câmaras de vigilância e foi condenado, em 2017, a cinco anos de prisão efetiva.

Com La Fouine e Booba houve tiros de permeio e zaragatas entre ambos, mas nos últimos tempos só trocam agressões via instagram.

Por fim, Maître Gim's e Booba engalfinharam-se porque o primeiro denunciou que os músicos inflacionam os números nas plataformas de streaming.

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