"Compreendo e respeito a decisão do dr. Paulo Rangel", diz ao DN o presidente de uma das distritais, a do Porto, que o apoiou na corrida há quatro meses contra Rui Rio. Alberto Machado comentava assim o anúncio que o eurodeputado fez, em entrevista ao Público e à Rádio Renascença, de que "este não é o momento de ser candidato"..Paulo Rangel justificou a sua decisão com a ideia de que o processo em que participou contra Rio - e em que perdeu - "ainda é muito fresco", o que o levou a concluir: "Não devo ser candidato". O eurodeputado social-democrata, que ainda ponderou avançar para a corrida, assume que "não faltou estímulo para que fosse candidato", mas entende que "faz sentido agora dar espaço a outros"..Manifesta ainda a inteira disponibilidade para colaborar com o presidente que vier a ser escolhido nas eleições diretas de 28 de maio. "Neste momento o PSD precisa de todos os aqueles que têm responsabilidade e história no partido". E não quis pronunciar-se sobre os nomes que têm sido apontados como potenciais candidatos à lideranças, a começar por Luís Montenegro, mas também Miguel Poiares Maduro, Ribau Esteves e Pedro Rodrigues. "Há com certeza muito nomes fortes e espero que apareçam. O líder que for eleito, qualquer que ele seja, vai ter uma tarefa muito difícil e merece apoio muito próximo e leal", disse Rangel..Fontes que lhe são próximas admitem que devido à "pressão interna" que sofreu para protagonizar nova candidatura esteve mesmo a ponderar se o havia de fazer. "Mas chegou à conclusão que as condições são muito difíceis e a última campanha interna foi super desgastante. E ele, conforme foi falando com as pessoas, foi mostrando alguma resistência"..A verdade é que o anúncio de que não quer ir agora a jogo na sucessão a Rui Rio merece compreensão por parte de dirigentes do partido, a começar pelo líder da grande distrital do Porto.."Face ao processo de há quatro meses é compreensível para todos que ele não se candidate, sobretudo porque uma candidatura à liderança é bastante desgastante", afirma Alberto Machado, que também diz que os militantes do PSD compreendem que "é preciso dar espaço a outros candidatos que possam protagonizar este momento difícil do partido"..O líder da distrital de Braga do PSD, outra das maiores, também não se diz surpreendido pela decisão de Rangel, a quem elogia: "É dos melhores quadros, tem sido vantajoso para o ideário do partido como para a sua consolidação na política portuguesa, tem pensamento profundo e visão"..Mas, Paulo Cunha entende que "teve a sensatez de perceber que depois da eleição do ano passado não seria adequado que voltasse a candidatar-se". Para este dirigente distrital , "fica o exemplo, a atitude de alguém que é tudo menos oportunista e fica disponível para ajudar a próxima liderança"..Quanto à possibilidade de apenas se vir a concretizar a candidatura de Luís Montenegro à liderança - já que é a que está mesmo em marcha e deverá ser anunciada dentro em breve -, os presidentes das distritais consideram que seria desejável que surgisse mais do que uma candidatura..Mas, frisa Alberto Machado, aconteça o que acontecer, "uma coisa será certa": "Tenho essa perceção no contacto com os militantes - terá de ser um novo ciclo e um novo estilo de liderança mais agregador e que possa contar com todos, em vez do nós contra eles". Uma crítica indireta à liderança de Rui Rio. "Se essa união do partido vai ser feita através de uma candidatura única ou de várias, que em congresso a procurem, saberemos nas próximas semanas", acrescentou. Para Paulo Cunha, o "pluralismo é importante no processo democrático e os partidos vivenciam desse processo, pelo que era enriquecedor que houvesse mais do que um candidato à liderança do PSD", sem que seja "artificial" essa multiplicação..Caso apenas Luís Montenegro avance para a corrida, Paulo Cunha admite que, estando o partido na oposição, "é uma situação sem paralelo na sua história", mas sublinha que "deriva da crise" resultante das últimas eleições legislativas que deram uma maioria absoluta ao PS..paulasa@dn.pt